Ato de apoio a Bolsonaro na Avenida Paulista será financiado pelo pastor Silas Malafaia: "Sem dinheiro público e em defesa do Estado Democrático de Direito"
Metrópoles e FolhaPress
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que a manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, marcada para 25 de fevereiro, será pacífica e não vai ser financiada por dinheiro público.
De acordo com o assessor e advogado Fabio Wajngarten, o evento — “organizado por muitas mãos” — foi idealizado pelo pastor Silas Malafaia e contará com financiamento da Associação Vitória em Cristo.
“Nós acreditamos que todos os nossos eventos são pacíficos”, disse Malafaia. O pastor acrescentou que o mote da manifestação será a defesa do Estado Democrático de Direito. “Isso vale para todo mundo”, reforçou.
Segundo o pastor, a única intenção do evento que pretende reunir apoiadores de Bolsonaro na Avenida Paulista é defender o Estado Democrático de Direito.
“Manifestações pacíficas são livres na nossa nação, e é isso que nós vamos fazer lá. Vamos fazer uma grande manifestação em favor da liberdade de todo o povo brasileiro. Vai muito além de Bolsonaro”, concluiu.
O deputado federal Zucco corroborou: “A ideia é um evento pacífico, ordeiro, com a presença de dezenas de parlamentares, deputados estaduais, vereadores, deputados federais, senadores, governadores, prefeitos e cidadãos”.
“Trio Demolidor”
Ao ser questionado sobre o financiamento do evento, o pastor Silas Malafaia afirmou que o estatuto da entidade permite que “manifestações públicas” sejam financiadas.
“Os recursos são exclusivos da Associação Vitória em Cristo, não tem recurso de político, não tem recurso de caixa dois ou sei lá de onde quer que seja. Estamos amparados legalmente para fazer esse tipo de manifestação.”
Além disso, no dia da manifestação, apenas um trio elétrico estará posicionado na esquina da Avenida Paulista. Apelidado de “Trio Demolidor”, o veículo foi alugado pela associação do pastor Silas Malafaia.
Aliados de peso de desistem ou silenciam sobre ir a ato na Paulista
O chamado do ex-presidente Bolsonaro para o ato em seu apoio parece ainda não ter animado a maioria dos principais líderes políticos que estiveram com ele na eleição de 2022.
De 20 lideranças procuradas pela Folha, entre eles senadores e governadores, apenas 3 confirmaram presença e 4 já disseram que não irão ao ato marcado em meio às investigações da Polícia Federal sobre a atuação do ex-mandatário em uma trama golpista.
Todos os demais silenciaram diante da pergunta da reportagem ou responderam que ainda não existe uma definição de agenda para a data.
No vídeo em que chama os apoiadores, Bolsonaro pede a eles que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de “Estado democrático de Direito”. “Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses.”
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quarta-feira (14) que irá à manifestação a favor do ex-presidente. “É uma manifestação pacífica a favor do [ex-] presidente, e estarei ao lado dele, como sempre estive”, afirmou o governador bolsonarista à CNN Brasil.
Entre alguns dos principais auxiliares e aliados de Bolsonaro que hoje estão no Congresso, houve uma divisão sobre o comparecimento ao ato do dia 25.
As senadoras Tereza Cristina (PP-MS) e Damares Alves (Republicanos-DF), por exemplo, disseram que não vão devido a compromissos já agendados para essa data. O de Tereza, relativo a uma agenda médica e cirúrgica, segundo sua assessoria. Damares não informou qual é o compromisso.
As duas compuseram o ministério de Bolsonaro, nas pastas de Agricultura e de Mulher, Família e Direitos Humanos, respectivamente.
Já o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ministro da Casa Civil de Bolsonaro, disse que vai ao evento e levará “toda sua família” para, segundo ele, mostrar apoio ao ex-presidente “junto de milhares de brasileiros”.
O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), por meio de sua assessoria, também confirmou presença.
O então vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, hoje senador pelo Republicanos do Rio Grande do Sul, disse por meio da assessoria que não iria comentar o ato convocado por Bolsonaro.
Após a operação da PF que mirou a suposta trama para um golpe de Estado liderado por Bolsonaro e militares de alta patente, Mourão conclamou os atuais comandantes das Forças Armadas a não se omitirem contra a “condução arbitrária de processos ilegais”. No dia seguinte, soltou nota recuando e se dizendo legalista.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB-SP), o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), não responderam à pergunta da Folha.
Os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Marcos Rocha (União Brasil-RO), Ratinho Junior (PSD), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Wilson Lima (União Brasil-AM) não responderam se irão ao ato.
A assessoria do governador do Amazonas disse que a agenda dele para fevereiro ainda não está fechada. Já a de Caiado afirmou que não “é possível confirmar a agenda com tal antecedência”.
O entorno de Castro vê a agenda como um problema para o governador fluminense. Ele se mantém aliado do ex-presidente, mas desde a campanha tem evitado abraçar bandeiras extremistas.
Outro agravante para o governador fluminense são as investigações sobre ele em curso no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Castro tenta no STF anular a delação que fundamenta parte das investigações e teme as consequências de sua presença no ato na análise dos pedidos.
O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), não irá ao ato. De acordo com sua assessoria, Denarium tem “uma vasta agenda de inaugurações e visitas a obras de educação em áreas rurais e indígenas”.
Outra ausência será a de Jorginho Mello (PL). A assessoria do governador de Santa Catarina disse que o mandatário estará em viagem oficial na data. Não foram informados detalhes sobre o compromisso.
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