Homem branco desceu do condomínio armado com um canivete porque estaria incomodado com o local onde o trabalhador negro estava. A vítima se encontrava onde motoboys ficam aguardando para serem chamados para prestar serviço de delivery. Caso gerou revolta, pois a polícia prendeu o trabalhador negro e liberou o agressor branco
Um vídeo gravado por uma câmera de segurança mostra o momento em que um homem branco ataca um motoboy negro no dia 17 de fevereiro em Porto Alegre (RS). As imagens foram divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul.
O vídeo mostra o momento em que morador sai do prédio com canivete na mão direita. Sérgio Kupstaitis, 71, caminha na direção onde o motoboy Everton Henrique Goandete da Silva, 40, estava.
As imagens não mostram a agressão praticada por Kupstaitis. Ele desferiu um golpe de canivete em Silva porque estaria incomodado com o local onde o homem estava. Silva se encontrava onde motoboys ficam aguardando para serem chamados para prestar serviço de delivery. Silva reagiu e jogou pedras em Kupstaitis.
Os dois foram indiciados por lesões corporais leves e, Silva, por desobediência. O caso foi remetido ao Ministério Público, que decidirá sobre oferecer ou não denúncia contra os indiciados na Justiça.
O advogado de Silva rechaçou a possibilidade de “agressão mútua”. “Como seria uma agressão mútua se o agressor desceu de casa armado com um canivete e desferiu um golpe numa pessoa que não estava nem falando com ele? Foi um golpe surpresa por um motivo torpe. Não é uma agressão, foi uma tentativa de homicídio e meu compromisso é comprovar isso”, disse Ramiro Goulart.
Vítima foi agredida por policiais
Silva foi algemado à força por policiais militares após ser agredido. Vídeos divulgados em redes sociais mostram o motoboy sendo prensado contra a parede por policiais até ser algemado e levado para uma viatura. Nas imagens, é possível ver que Kupstaitis passa sozinho e diz que iria pegar os seus documentos.
Pessoas que passavam pelo local protestaram contra a ação dos policiais dizendo que a atitude contra o motoboy foi racista. “Quem tomou a facada foi ele”, disse um rapaz no vídeo.
ilva foi levado antes à viatura. Uma testemunha afirmou que o idoso foi no banco de trás do veículo, enquanto o motoboy foi na parte traseira da viatura. No meio da tarde, ambos foram liberados.
A sindicância da Brigada Militar não verificou indícios de crime militar ou de crime comum de parte dos PMs. Houve, no entendimento da Corregedoria, “transgressão da disciplina militar” em razão de os policiais não terem acompanhado Kupstaitis para vestir camiseta e buscar seu documento e por não terem observado que havia chegado uma segunda viatura equipada para a condução dos presos na parte traseira. Em razão disso, segundo eles, o idoso foi conduzido no banco de trás de uma viatura.
A Corregedoria tem oito dias para notificar os quatro policiais do resultado da sindicância. Uma vez notificados, eles têm o prazo de 15 dias para apresentar suas defesas.