Redação Pragmatismo
Direita 06/Fev/2024 às 15:33 COMENTÁRIOS
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Youtube demorou 6 horas para remover vídeo de extremista de direita que decapitou o próprio pai

Publicado em 06 Fev, 2024 às 15h33

Justiça divulga novos detalhes perturbadores a respeito do fanático de direita que exibiu a cabeça do próprio pai em vídeo no Youtube. Ao justificar o ato de barbárie, extremista afirmou que o pai, por ser servidor público, era um "servo do inimigo" e também um "traidor da pátria" por não apoiar Donald Trump

Justin Mohn
Justin Mohn

A Justiça dos EUA divulgou novos detalhes perturbadores sobre a decapitação de um homem por seu filho em uma casa na Filadélfia (EUA). Justin Mohn, de 33 anos, atirou no próprio pai, um funcionário público federal, antes de usar um facão para decapitá-lo.

Em seguida, o assassino postou um vídeo no YouTube com 14 minutos de duração defendendo a tortura e o assassinato de funcionários públicos do governo dos EUA. O vídeo ficou online por 6 horas antes de ser removido pela plataforma. “O país está a apodrecer de dentro para fora, à medida que turbas esquerdistas tomam conta das nossas cidades outrora prósperas, transformando-as em zonas sem lei”, disse o assassino em trecho do vídeo.

Justin Mohn foi descrito por autoridades dos EUA como um “fanático de extrema-direita” e um “teórico da conspiração”. A promotora Jennifer Schorn afirmou que Mohn tinha um “plano claro” quando matou seu pai — Michael Mohn, de 68 anos — e depois dirigiu para um centro de treinamento da Guarda Nacional a duas horas de distância. “Ele esperava provocar uma rebelião lá”, disse ela. “Este indivíduo agiu com a mente clara, consciente das suas ações e orgulhoso das consequências”, acrescentou.

Ao exibir a cabeça do pai no Youtube, Mohn convocou os “patriotas americanos” a pegarem em armas contra os “parasitas do estado”. Nas redes, o assassino acumula diversas publicações de apoio a Donald Trump.

Mohn também ofereceu uma recompensa pela morte de funcionários públicos federais. Ele divulgou o endereço residencial de um juiz e sugeriu o seu assassinato. Ele ainda expressou raiva pelas pautas “despertadas pela esquerda”, pelos imigrantes e pela comunidade LGBTQ.

Justin Mohn pregava teorias conspiratórias semelhantes às que foram disseminadas por seguidores do movimento QAnon, aquele mesmo que teve presença na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Mohn menciona uma espécie de “exército formado por imigrantes ilegais em solo americano” que iria colocar em risco a liberdade do país.

Em comunicado, o YouTube disse que o vídeo ‘foi removido por violar suas regras contra violência gráfica e extremismo violento’, e que está trabalhando para remover reenvios do conteúdo. A plataforma, que pertence ao Google, não informou por que o vídeo permaneceu no ar por tanto tempo.

O corpo sem cabeça de Michael Mohn foi encontrado por sua esposa no banheiro da casa da família. A cabeça estava no quarto de Justin Mohn. O assassino foi preso com uma arma carregada em uma base da Guarda Nacional na Pensilvânia. A base fica a cerca de 160 quilômetros da casa da família Mohn.

As autoridades disseram que Mohn dirigiu até a base e escalou uma cerca na esperança de encorajar a Guarda Nacional a iniciar uma rebelião contra o governo do presidente Joe Biden.

Os promotores dizem que Mohn se formou na Universidade Estadual da Pensilvânia, mas estava desempregado e morava com os pais. Ele vai responder por homicídio, abuso de cadáver está preso sem direito à fiança.

Justin Mohn (dir.) junto dos pais, dos irmãos e da cunhada — Foto: reprodução/facebook

Exigência incomum

Muito antes de matar o pai, Mohn processou o governo dos EUA por causa dos seus empréstimos estudantis. Em anos anteriores, ele havia movido diversas ações judiciais contra órgãos federais por créditos que recebeu para poder estudar.

De acordo com o memorando de ação civil da CaseTex, empresa jurídica de inteligência artificial onde a decisão mais recente pode ser consultada, Mohn formou-se em 2014 na Universidade da Pensilvânia e, em 2022, processou pela quarta vez o governo dos Estados Unidos por “permitir-lhe pedir dinheiro emprestado para ir para a faculdade sem avisá-lo de que, dez anos depois, ele poderia não encontrar um emprego satisfatório como um homem branco com educação acima da média.” A reclamação exigia o pagamento de dez milhões de dólares.

Num dos seus recursos legais, o homem afirmou que “o governo o encorajou a contrair empréstimos estudantis entre 2010 e 2014 para pagar a faculdade”, segundo o New York Post. Depois de se formar em gestão de agronegócios, “ele não conseguiu um emprego compatível com sua formação ou o suficiente para pagar o empréstimo”.

Do ponto de vista de Mohn, a razão pela qual não tinha dinheiro era “a percepção que os empregadores tinham dele como um homem branco com uma educação acima da média”, e ele afirmou que devido às políticas de “ações afirmativas”, não conseguiu encontrar trabalho. Ele também alegou que a obrigação de efetuar o pagamento do empréstimo lhe causou sofrimento mental e emocional, estresse financeiro, falta de poupança e dívidas que afetaram sua qualidade de vida.

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