Delirantes que acreditaram no 8 de janeiro, enquanto Bolsonaro fugia para os Estados Unidos, estão pegando 17 anos de cadeia. Os que ainda não pegaram, porque não foram julgados, estão presos ou na sala da casa vendo novela com tornozeleira.
Mesmo assim, outros delirantes acreditam que Augusto Heleno pode tomar o controle das Forças Armadas, com a ajuda de Eduardo Villas Bôas, enquanto o que pode estar acontecendo mesmo é o planejamento de mais uma fuga de Bolsonaro.
E a maioria dos delirantes ativistas é de machos brancos de classe média, com mais 50 anos, com diploma universitário, como mostram as pesquisas feitas na Paulista.
Gente cristã, que acredita que Israel é um país cristão e que os militares, que concediam registros de CACs a bandidos, são caçadores de bandidos.
Eles sabem, mas fingem não saber, que Bolsonaro pode fugir de novo, como fugiu no fim de dezembro de 2022 para os Estados Unidos, como se não soubesse nada da invasão que aconteceria depois em Brasília.
Bolsonaro aguentaria mais de 70 anos de condenação, pelos vários crimes de cada processo, mesmo que o limite de pena a ser cumprida seja de 40 anos? E com possiblidade de redução por bom comportamento.
Bolsonaro aguenta cinco anos de cadeia? Suporta dois? Aguenta ficar preso enquanto Romeu Zema e Tarcísio de Freitas se adonam do eleitorado dele?
Aguenta ficar imobilizado por dois anos, enquanto Michelle pode se liberar para construir sua carreira política, com o argumento de que irá substituir o marido? Não aguenta.
Bolsonaro deve ter um plano de fuga, mesmo com o passaporte retido. A possibilidade de eleição de Trump pode inspirar o seguinte raciocínio: foge, ganha tempo e espera mais adiante a proteção política do fascista americano.
Não faz sentido? Tudo que envolve Bolsonaro não faz sentido. Até que o improvável se realize, como vem acontecendo desde 2018, ou alguém imaginaria que um tenente expelido pelo Exército pelos generais da ditadura seria depois líder e empregador de um grupo de generais medíocres?
Um auxiliar deve ter em alguma gaveta, em versão impressa (como eles gostam), a minuta do plano de fuga de Bolsonaro. Há porteiras abertas em quase todas as fronteiras.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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