Milionário da tecnologia garante que já diminuiu sua idade em 28 anos. Para isso, ele usa táticas que vão desde terapia com luz infravermelha, restrição a refeições após as 11h da manhã e até o uso de anel peniano. O milionário diz encarar seu corpo como se fosse um algoritmo. O método ainda inclui uma equipe com 30 médicos
Victor Hugo Silva, g1
Tomar mais de 100 comprimidos por dia, fazer a última refeição do dia às 11h (sim, da manhã) e usar um anel peniano enquanto dorme… Estas são algumas das táticas extravagantes adotadas pelo empresário Bryan Johnson, que, aos 46 anos, tem o plano de voltar a ter a saúde de um jovem de 18.
O milionário diz encarar seu corpo como se fosse um algoritmo, que pode ser configurado conforme os seus interesses. Para isso, criou que chama de protocolo Blueprint, que prevê, entre outras coisas, expor o rosto diariamente a um painel com luz infravermelha.
O método ainda inclui uma equipe com 30 médicos e, segundo o empresário, custa US$ 2 milhões por ano (R$ 10 milhões).
Bryan fez fortuna no ramo dos aplicativos de pagamento e atualmente é dono de uma empresa rival da Neuralink, do bilionário Elon Musk, no ramo na neurociência.
“Não importa qual é a minha expectativa de vida, não importa se eu morrer ou não”, disse Bryan à revista Fortune. “O que importa é que estamos projetando tematicamente, objetivamente e funcionalmente nossa maneira de ‘não morrer’ como espécie”.
Mas o conjunto de práticas defendido por Bryan tem sido questionado por médicos devido a medidas como a transfusão para Bryan do plasma do sangue de seu filho adolescente, uma prática que ele disse ter interrompido por falta de evidências sobre qualquer benefício.
Os especialistas também questionam o uso de tantos comprimidos por dia e a rigidez da dieta defendida pelo empresário.
Em 2023, o empresário mostrou ao Fantástico a clínica que ele criou em sua casa para fazer todos os tratamentos previstos em seu método (veja o vídeo abaixo).
O que é o protocolo Blueprint?
O Blueprint é um método com o qual Bryan Johnson diz que tem conseguido retardar seu envelhecimento.
O tal protocolo inclui medições diárias de dados como peso e índice de massa corporal, além do uso de um painel com luz infravermelha por alguns minutos sobre o rosto para simular a luz solar e ajustar o relógio biológico de Bryan.
Durante o sono, o empresário usa um anel peniano que monitora ereções noturnas. A fabricante diz que os dados coletados pelo dispositivo ajudam a identificar rapidamente casos que podem resultar em disfunção erétil.
Todo esse processo é acompanhado por profissionais e também envolve medidas como:
⏰ acordar às 4h30 e ir dormir às 20h30
🏋️ fazer exercícios durante uma hora todas as manhãs
🚫 não ingerir bebidas alcoólicas e não comer gordura, nem doces
🍴 manter uma alimentação vegana que não ultrapasse 2.000 calorias por dia
🕚 comer sua terceira e última refeição do dia às 11h – um tipo de dieta que a ciência já disse que não funciona
💊 tomar mais de 100 comprimidos por dia, incluindo vitaminas e medicamentos
Em sua tentativa de rejuvenescer, o empresário chegou a testar até a transfusão de plasma sanguíneo, a parte líquida do sangue que é responsável por transportar nutrientes, participar da defesa do organismo e auxiliar na coagulação, por exemplo.
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Bryan não só recebeu plasma do filho, de 18 anos, como passou o próprio plasma para seu pai, de 71. Ele interrompeu a prática por não ver benefícios, ainda que a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) já tivesse alertado que ela, de fato, não traz melhorias.
O protocolo de Bryan é seguido por outras pessoas, que fazem parte do movimento conhecido como “Don’t Die” (“não morra”, em inglês).
Alguns deles também são clientes da Blueprint, marca que o empresário criou para vender produtos que prometem ajudar a prolongar a vida: um azeite de oliva, por exemplo, custa US$ 60 (R$ 300). Mas o site da empresa não explica qual é o diferencial dele para outros azeites.
Quem é Bryan Johnson?
Bryan Johnson se tornou conhecido por ter criado a plataforma de pagamentos Braintree em 2007. Seis anos depois, ela foi vendida por US$ 800 milhões (cerca de R$ 4 bilhões, na cotação atual) para o PayPal.
Em 2014, Bryan criou o OS Fund, fundo de investimentos para empresas de ciência e tecnologia. Dois anos depois, ele fundou a Kernel, empresa que cria interfaces cérebro-máquina.
A Kernel diz ser capaz de acelerar e baratear tratamentos neurológicos com a ajuda de um capacete que consegue “ler” o cérebro e é vendido por US$ 50 mil (R$ 250 mil), de acordo com o New York Post.
A fortuna de Bryan Johnson é avaliada em US$ 400 milhões (R$ 2 bilhões), segundo a Fortune.
Bryan disse ter enfrentado depressão e compulsão alimentar depois de ter sucesso no Vale do Silício. E que é mais feliz agora do que quando estava à frente da Braintree.
O milionário foi casado com a cineasta Taryn Southern, que havia trabalhado em uma das empresas dele. O casal se separou em 2019, o que, segundo o jornal The New York Times, aconteceu depois que Taryn foi diagnosticada com câncer.
Ela processou Bryan e disse que ele lhe devia dinheiro e não teria cumprido a promessa de ajudá-la com suas despesas por um ano.
Taryn afirmou que o empresário a manipulava emocionalmente e que, após o diagnóstico de câncer, a chamou de um “mau negócio”, segundo a revista Vanity Fair. Bryan nega as acusações.
O que dizem especialistas?
O uso de muitos suplementos ao mesmo tempo pode causar mais danos do que benefícios e essas intervenções podem tornar mais difícil explicar os efeitos que cada uma delas causou no corpo, explicaram médicos ouvidos pelo New York Times quando questionados sobre o caso de Bryan.
Os especialistas apontaram ainda que dietas muito rígidas podem não trazer o benefício esperado por serem muito difíceis de serem seguidas. E disseram que não há evidências de que os produtos vendidos por Bryan realmente aumentam a longevidade.
O empresário disse que não se importa com o que as pessoas dizem sobre ele porque as opiniões de hoje representam o passado. “Estou mais interessado no que as pessoas do século 25 pensam de mim”, disse ao New York Times.
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