O brasileiro Marcus Santos, 45 anos, dono de uma escola de artes marciais, foi eleito deputado em Portugal pelo partido xenófobo e racista Chega. Marcus é negro.
A Folha traz reportagem sobre a eleição citando o caso da mineira bolsonarista Cláudia Cavalcanti, 44 anos, que mora em Lisboa e adora o líder do Chega, o deputado fascista André Ventura.
Cláudia diz que “Portugal já não é o que era”, entre outros motivos, porque o Partido Socialista “abriu as portas do país para qualquer um”.
E a mulher é manicure. Não é a elite xenófoba atacando trabalhadores imigrantes, é uma trabalhadora imigrante defendendo o partido racista. Que defende a expulsão dos imigrantes.
Nesse contingente de brasileiros reacionários, é claro que eles não são a exceção. São a regra. Brasileiros imigrantes, acolhidos pelos governos de esquerda de Portugal, passam a defender as posições racistas da extrema direita contra imigrantes.
Porque se consideram parte da elite portuguesa, como há, com variações, negros e manicures no Brasil.
O país de Tim Maia exporta suas virtudes e se reproduz em Portugal. Aqui, disse Tim Maia, prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.
Em Portugal, imigrante é amiguinho de fascistas inimigos dos imigrantes.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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