Morador que cortou corda de trabalhador que estava pendurado em fachada de prédio morre na prisão. Caso gerou repercussão nacional na última semana, com muitas manifestações de indignação
O empresário Raul Pelegrini, de 41 anos, morreu dentro da penitenciária de Piraquara (PR) na madrugada desta sexta-feira (5). Ele estava detido no local desde o dia 27 de março.
Raul foi preso por cortar a corda de um trabalhador que estava pendurado na fachada de um prédio, em Curitiba (PR). O caso ganhou repercussão nacional na última semana.
A polícia não informou como Raul Pelegrini faleceu. Ele foi preso em flagrante pelo crime no dia 14 de março e teve a prisão convertida em preventiva. A defesa cita que preso enfrentava problemas de dependência química havia alguns anos.
Raul já teria sido internado compulsoriamente e, no dia 16 de março, os seus advogados pediram a liberdade provisória para conseguirem interná-lo em uma clínica particular para tratamento especializado, o que foi negado pela Justiça. Depois, os defensores entraram com um pedido de habeas corpus. A liminar (decisão judicial de caráter provisório) foi negada em 21 de março pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
Na quinta-feira (4), o mérito do habeas corpus foi negado, “pelo que sequer foi autorizado que Raul saísse da prisão e fosse internado compulsoriamente em clínica particular e apta para o tratamento dessa doença. No julgamento foi dito pelo relator que a manutenção da prisão possibilitaria uma desintoxicação de Raul”, de acordo com a defesa.
Após o MPPR (Ministério Público do Paraná) ter oferecido a denúncia contra Raul, os advogados pediram ao Juízo Criminal a revogação da prisão preventiva em 27 de março, porém, este pedido ainda estava pendente de análise.
A defesa alega que informou que Raul “estava em risco iminente de morte”. No pedido de liberdade provisória, os advogados precisava ser transferido “urgentemente” para uma clínica particular. Após conversa com Raul, os defensores afirmam que fizeram uma reunião com o diretor da prisão de Piraquara para avisar da gravidade do caso e também comunicaram o caso ao gabinete da Justiça.
ENTENDA O CASO
Raul Pelegrini cortou a corda de sustentação de um trabalhador que estava a 18 metros do chão enquanto realizava limpeza nas janelas de um edifício, na Avenida Silva Jardim, no Bairro Água Verde, em Curitiba (PR), no dia 14 de março. Ele foi preso em flagrante e acusado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por tentativa de homicídio.
Pelegrin é empresário e sócio-administrador da Pelegrin Importação e Exportação. Nas redes sociais, ele se define como “empreendedor, mochileiro e uma pessoa que gosta de viver”.
A empresa de Pelegrin atua no ramo de importação e distribuição de produtos para comercialização no mercado nacional. Dentre as principais mercadorias vendidas se destacam cadeiras para escritório, cofres e escadas. Ela faz parte do setor de comércio atacadista de importação e exportação de bens e commodities, tem um escritório na China, onde Pelegrin afirma ter estado mais de 30 vezes.
Mayk, trabalhador que sobreviveu a uma queda de 18m, revelou que não sabia porque a corda tinha arrebentado até aterrissar no solo, quando foi informado pelo supervisor, que testemunhou todo o crime, do que tinha acontecido.
“Fiquei sem reação nenhuma. Não entendi porque ele fez isso. Para mim, ele simplesmente cortou a minha corda sem motivo nenhum. Como que um cara faz uma coisa dessa?”, questionou Mayk, em um programa de auditório da TV Globo.
De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), Mayk apenas sobreviveu por conta de um dispositivo chamado “trava-quedas”. Além da corda, que foi cortada, o trabalhador é amarrado a um cordão de aço, conhecido como “linha de vida”, que vai do topo do prédio até sua base. É nesse cabo que o “trava-quedas” é fixado. O dispositivo, então, é preso ao profissional.
De acordo com os advogados da vítima, Raul Pelegrin também tentou cortar “linha de vida”, porém, como o material do cordão é mais resistente, a faca quebrou e não foi possível.