A condecoração de Raoni e a colonialidade contempôranea
Que lindo ver Macron, um europeu condecorando um indígena brasileiro, como se isso não fosse a reprodução de tudo aquilo que vimos durante as missões religiosas. A imposição de que quando os poderes hegemônicos são o mais importante para o Brasil do que as regiões que o cercam, é muito comum, até porque o peso de um presidente francês condecorando um indígena aos olhos desses brasileiros colonizados, é muito mais “bonito” do que se ele estivesse sendo reconhecido pelos outros caciques, ou até pela CONAIE, ou a Federação Andina, que duvido que algum leitor conheça.
Pois é, é mais fácil, ao seu olhar colonizado, ver o poder do presidente francês do que ver as influências no continente dessas organizações políticas indígenas, que conheçam o nome Abya-yala para o continente, o que imagino que nem sabia. Até porque, uma medalha colonial no peito de um indígena brasileiro, vale muito mais para você do que o reconhecimento regional de outros povos originários.
A imagem de um dos caciques mais importantes do Brasil, sendo condecorado por um presidente europeu, prova que a descolonialidade, ainda não é uma luta viva no continente e que estar perto destas pessoas que nos colonizaram, ainda é mais importante do que nos tornar parte da vida por meio dos povos originários. Ou seja, ainda parece que os povos originários precisam aprender com os europeus ou de um reconhecimento deles, para se tornarem parte do sistema mundo, sendo que eles deviriam romper com este norteamento, acabar com os preconceitos que sofrem por meio da nação criada pelos europeus, sendo que eles são os povos que devem ser reconhecidos e considerados como pensamentos legítimos da região.
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O que infelizmente, parece que em pleno século XXI, ainda não é prioridade, nem mesmo pelos caciques indígenas, que estão recebendo medalhas dos colonizadores, posando para fotos dentro da Academia de Letras e se posicionando ao lado do presidente Lula como parte do governo e não como oposição ao lado dos seus povos.
Ainda parece que precisamos do aval do norte para podermos ser reconhecidos mundialmente, sem considerar nossos próprios conhecimentos e aprendendo do que somos, sem precisar dos europeus ou dos Estados Unidos, parace que estamos longe de começarmos a nos considerar e reconhecermos de forma mundial, com nossas crenças e pensamentos, pois temos a possibilidade de pensar por nós mesmos, sempre.