Uma figura manjada tentou ser protagonista da tragédia gaúcha, mas não foi em frente. Sentiu que poderia se dar mal, deu seu recado e foi embora.
O véio da Havan foi a Lajeado dia desses e gravou um vídeo diante da sua loja destruída ao lado do rio Taquari, na BR-386. Chorou mostrando a destruição.
Foi de volta para Santa Catarina, deixou dois helicópteros para ajudar nos resgates e quase foi homenageado depois pela Câmara dos Deputados como herói.
O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) apresentou um requerimento, na Comissão de Segurança, para que fizessem uma moção de aplauso ao sujeito, rejeitada por falta de votos.
Agora, dois detalhes das atuais circunstâncias que cercam o véio da Havan. Ele não conseguiu divulgar o vídeo que fez em Lajeado em suas redes, porque está fora da internet desde agosto de 2022 por ordem do ministro Alexandre de Moraes, sob a acusação de conspirar contra as instituições e a democracia.
A segunda questão é essa. O sujeito poderia ter dito que vai reabrir a loja, com a ressalva de que deve evitar o mesmo local. O prédio inundado está em área questionada como de preservação permanente, desde a inauguração. Mas estaria ali, até ser invadida pelo rio, por uma exceção, como coisa de ‘interesse público’. O Ministério Público saberá esclarecer.
Mas o que levou o empresário a viajar ao Rio Grande do Sul? Claro que para tentar se apresentar de novo como exemplo a ser seguido. Por que a extrema direita tentou homenageá-lo na Câmara? Só por ter ido ao Rio Grande do Sul?
Para escancarar que ele está vivo como figura pública impune. A extrema direita quis dizer no Congresso que Luciano Hang continua ativo, vivo politicamente e, sem julgamento em vários inquéritos, ainda desfrutando da impunidade.
O deputado que propôs a homenagem quis na verdade mandar um recado a Alexandre de Moraes. O véio da Havan sobreviveu até aqui e continua tentando ser protagonista.
Com um detalhe relevante. O indivíduo reapareceu com a roupa que o próprio Moraes define como fantasia de verde periquito.
Alguém duvida que ele poderá sobreviver ao cerco do ministro do Supremo?
Pilantras
Comparações em momentos como esse são complicadas. Mas é provável que o Brasil nunca tenha visto antes, com essa dimensão, uma mobilização de voluntários como a que acontece no Rio Grande do Sul e envolve e emociona o país todo.
E aí aparecem, no meio desse esforço humanitário coletivo, os aproveitadores vinculados, é óbvio, à extrema direita.
É nojento ver gente com camisetas de políticos negacionistas, de ‘times’ do fulano e do beltrano, no meio dos socorristas.
É apenas mais uma face das crueldades do fascismo. São pilantras que brotam dos bueiros como ratazanas.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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