Quando todo mundo imaginava que Tony Ramos falaria de milagres, de que viu a morte de perto e outros clichês clássicos. Nada disso. O ator defendeu os diferentes, a democracia, a ciência e a tolerância
Uma das declarações políticas mais sutis e ao mesmo tempo mais fortes do ano. Singela e incisiva e belamente humanista. Foi a fala de Tony Ramos no domingo no Fantástico, quando o repórter perguntou se ele teria mudado depois de ter um hematoma grave na cabeça e ser operado por duas vezes.
“Aquela pessoa que você acaba de citar, empática, tolerante, não preconceituosa, a favor de cada manifestação, de cada ser humano do jeito que ele quer ser, esse homem não vai mudar porque teve esse infortúnio, esse grave problema. Sempre imaginei ser um homem justo, principalmente um democrata, principalmente um homem que acredita na ciência, que acredita no próximo até prova em contrário”.
Uma declaração antifascista, quando muitos (inclusive eu) achavam que ele falaria de milagres e de que viu a morte de perto, essas coisas clássicas de entrevistas do Fantástico. Nada disso. O ator defendeu os diferentes, a democracia, a ciência e a tolerância.
Tudo que a extrema direita odeia. Tony Ramos e sua amada Lidiane estavam ao lado da escultura de um anjo. O anjo ficou ali só escutando.
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*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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