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Mulheres violadas 25/Mai/2024 às 07:51 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Personal trainer que abusou de aluna pediu para ela não denunciar: "Eu amo minha família, isso vai acabar comigo"

Publicado em 25 Mai, 2024 às 07h51

Em conversas no WhatsApp, personal foi confrontado pela vítima e disse que não teve intenção: "Me perdoa, isso vai acabar comigo. Eu amo minha família. Você vai me prejudicar". A aluna rebate: "Te paguei para me treinar, confiei em você, meu marido confiou em você, nunca te dei liberdade!". O homem foi preso nesta terça-feira

Personal trainer abusou aluna pediu não denunciar amo minha família vai acabar comigo

G1

Um personal trainer de 41 anos foi preso suspeito de importunação sexual contra uma aluna durante uma avaliação física, em Caldas Novas, Goiás. Prints divulgados pela Polícia Militar mostram que, após o caso, Bruno Fidelis tentou convencer a jovem de 22 anos a não denunciar o caso. Segundo a defesa do personal, após a prisão, a Justiça determinou a soltura dele.

“Se você tivesse dito ‘não’, eu não teria encostado em você. Achei que você estava correspondendo. Me enganei. Por favor, não comente com ninguém”, escreveu o professor.

O caso aconteceu na tarde de terça-feira (21) e a prisão ocorreu no mesmo dia. A defesa do personal trainer informou que a Justiça de Goiás determinou a soltura de Bruno. Por isso, a audiência de custódia que estava prevista para quarta-feira (22), não aconteceu. Além disso, ressaltou que ele exerce a profissão há mais de 5 anos, atendendo mais de 100 alunos, e que nunca teve reclamação deles.

Avaliação física

Segundo o delegado Alex Miller, a mulher denunciou que o crime aconteceu durante uma avaliação física. À polícia, ela relatou que estava de biquíni para serem feitas medições e fotografias. Além disso, ela afirmou que, quando o personal foi fazer uma medição, teria passado a acariciar os seios da vítima por debaixo do biquíni e tentado beijá-la.

“Ela não gostou daquela situação e saiu do local onde era feita a avaliação. Passado um tempo, ele ficou mandando mensagem para ela tentando se desculpar”, descreveu o delegado.

A atleta fazia acompanhamento com o personal havia 40 dias. A polícia ainda acrescentou que o suspeito disse que “revisou as medições do corpo da aluna, mas que não teve intuito de tirar proveito sexual e que foi um mal-entendido por parte dela”.

À polícia, a vítima contou que era sua segunda avaliação física, segundo o delegado. Alex Miller informou ainda que, conforme relato da jovem, na primeira avaliação ela estava acompanhada do marido.

“[Nesses 40 dias] ela falou que ele ficava com brincadeiras um pouco inconvenientes, só que até então não dava intenção para isso. E que nesse dia [da avaliação] chegou a essa situação”, completou Miller.

Em um trecho das conversas divulgadas pela PM, a vítima desabafou sobre ter confiado em Bruno e falou sobre ele ter pegado em seus seios e ter tentado beijá-la. Logo em seguida, o personal pediu para falar com ela, que respondeu dizendo a ele que não a procurasse mais.

Pedido para não contar a ninguém

Por mensagem de texto, Bruno Fidelis pediu para a aluna não contar a ninguém sobre o que havia ocorrido para não prejudicá-lo. Ele também disse ter achado que estava sendo correspondido por ela.

“Achei que você estava correspondendo. Me enganei. Por favor, não comente com ninguém. Isso pode me destruir. Te peço que me perdoe”, escreveu Bruno Fidelis em um dos prints divulgados pela Polícia Militar de Caldas Novas.

“De coração, isso vai acabar comigo. Eu amo minha família, meu trabalho. Eu admito, perdoa. Não posso perder tudo por um engano meu”, disse.

Personal trainer abusou aluna pediu não denunciar amo minha família vai acabar comigo
Prints mostram conversa de personal trainer com a aluna

Horas antes de falar que a denúncia poderia destruí-lo, Bruno pediu perdão “por tudo que há de mais sagrado” à vítima em um aplicativo de mensagens.

O delegado Alex Miller explicou que os prints que mostram as conversas entre os dois devem ser investigados.

“Ele ficou mandando mensagem para ela de um telefone, ela conversou com ele e ele tentando se desculpar. Ela o bloqueou, ele passou a mandar mensagem de outro telefone, e ela se comunicou com o marido dela e noticiou o fato à PM”, descreveu Alex Miller.

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Print mostra personal trainer tentando convencer aluna a não denunciá-lo

Segunda vítima registra BO

Conforme o relato da nova vítima, o personal trainer agiu de forma parecida. O crime aconteceu em 2023, mas tomou coragem para denunciar após o relato da vítima de 22 anos. Ao g1, o delegado Alex Miller confirmou que a nova vítima registrou um boletim de ocorrência denunciando o caso.

Bruno Fidelis disse a jovem que não conseguia se controlar porque tomava hormônio. A vítima de 23 anos contou à TV Anhanguera, afiliada da TV Globo, que o homem tirou parte do biquíni dela e que precisou cobrir os seios com as mãos.

“[O personal] Se aproveitou do momento da avaliação física, da bioimpedância, e arredou o biquíni. Não só arredou o biquíni, tirou uma parte do biquíni, pra ver a parte íntima. Na hora a gente fica sem reação. Eu coloquei as minhas mãos sobre o seios e tampei e perguntei se ele tava ficando louco. Aí ele riu, pediu desculpa, falou que não conseguiu se controlar porque tava tomando hormônio”, contou a vítima.

Após tocar no corpo da mulher de 23 anos, a segunda vítima a falar do assédio, Bruno mandou uma mensagem perguntando se ela contratou um novo profissional, conforme mostra o print de uma conversa enviada por ela à TV Anhanguera.

A jovem respondeu, então, que decidiu parar de ter os acompanhamentos do personal porque não achou certa a atitude dele durante a avaliação física. Em seguida, ele pediu para conversar com ela porque, segundo ele, “é um cara legal”.

A jovem retrucou: “Não houve nenhum mal-entendido, até porque eu nunca te dei brecha pra achar que tinha liberdade comigo, o que você fez, não sei se sabe, mas se chama assédio, o que eu quero é distância”.

Personal trainer abusou aluna pediu não denunciar amo minha família vai acabar comigo
Foto mostra print de aluna alegando que foi vítima de crime sexual do personal trainer Bruno Fidelis

Bruno respondeu: “Não concordo com suas palavras. Mas ok, quer distância? Eu respeito!”.

Nota da defesa do personal na íntegra:

“Os advogados Lucas Morais Souza e Arlen S. Oliveira, esclarecem que ainda estão tomando ciência das acusações arroladas nos autos de inquérito policial. Informam ainda que o personal exerce a profissão há mais de cinco anos, atendendo mais de 100 alunos neste período, pautando sempre pela ética, transparência e a busca do melhor resultado para os alunos.

Neste período, nunca obteve nenhuma reclamação de seus alunos, e, no curso das investigações demonstrará a improcedência das acusações. Nesse compasso, a defesa buscará no curso do processo demonstrar que o investigado agiu sempre pela boa-fé e ética, cumprindo com o exercício da função que lhe foi confiado por seus alunos.

Sobre as conversas trocadas no dia do suposto fato, percebe-se pelo próprio teor que em momento algum houve conotação de ameaça, coação ou constrangimento, mas simplesmente um ato de buscar esclarecer os fatos mal entendidos.

A relação entre aluna e personal era amistosa o que pode também ser percebido pelas mensagens enviadas e compartilhadas via redes sociais durante os treinos pela própria aluna.

Os advogados Lucas Morais Souza e Arlen S. Oliveira, esclarecem que a Delegacia de Polícia Civil encaminhou ao judiciário as documentações e levantamentos apurados até o presente momento. Na ocasião, o juízo responsável pelo caso, ao analisar os documentos, deliberou da seguinte maneira: “O autuado constituiu defensor, apresentou comprovante de endereço, possui ocupação lícita, não possui condenações transitadas em julgado.

Desse modo, não há motivos que justifiquem o decreto preventivo, com base nos pressupostos autorizadores (art. 312 do CPP). In casu, qualquer afirmação no sentido de que existem motivos para manter a prisão do autuado não passará de presunção de periculosidade, o que viola o ordenamento constitucional, mormente o princípio da inocência, vez que o autuado ainda não foi submetido a julgamento.”

Por fim, informamos que as informações levantadas são embrionárias e que qualquer julgamento neste momento ofende o princípio da presunção de inocência. Os fatos devem ser apurados sob o crivo do contraditório e ampla defesa em juízo.”

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