Após sete anos, Brasil volta a integrar o grupo das 8 maiores economias do mundo. Produto Interno Bruto brasileiro totalizou R$ 2,7 trilhões. Mercado de trabalho aquecido e consumo das famílias contribuíram para o resultado. Outro destaque foi o aumento real do salário mínimo, com seu impacto direto nos benefícios sociais
RBA
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,8% no primeiro trimestre do ano e 2,5% em comparação ao mesmo período de 2023, totalizando R$ 2,7 trilhões, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo IBGE. Com esse PIB, o país ocupará a oitava posição mundial, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), ficando à frente da Itália e do Canadá.
Em um recorte setorial, a indústria e os serviços cresceram 2,8% e 3% respectivamente, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já a agropecuária foi o único setor que registrou queda, de 3%. “Pelas questões climáticas, especialmente o El Niño [aquecimento das águas do oceano Pacífico], já se sabia que não seria um ano bom para a agropecuária”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Segundo ela, a pecuária está crescendo este ano, mas o comportamento da agricultura pesa mais no PIB.
O crescimento do setor industrial foi influenciado pela atividade extrativa (5,9%), sobretudo do petróleo e gás, como de minério de ferro. Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, com crescimento de 4,6%. Esse desempenho está ligado ao aumento do consumo das famílias, de 4,4%.
A Formação Bruta de Capital Fixo, indicador que mostra o nível de investimento da economia, avançou 2,7%. As exportações cresceram 6,5%; enquanto as importações, 10,2%. “Em 2022 e 2023, o setor externo havia contribuído positivamente, com as exportações crescendo mais do que as importações. Nesse primeiro trimestre essa contribuição virou negativa. Estamos importando muitas máquinas e equipamentos e bens intermediários e o Real se valorizou”, disse Rebeca Palis.
Aumento do PIB de 0,8 representa retomada, segundo IBGE
No primeiro trimestre de 2024, a taxa de investimento foi de 16,9% do PIB, abaixo dos 17,1% registrados no primeiro trimestre de 2023. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, ou seja, os três últimos meses de 2023, a alta de 0,8% representa uma retomada, após o recuo de 0,1% no fim do ano passado. Esse resultado de 0,8% é o maior desde o segundo trimestre de 2023, quando a economia cresceu 0,9%.
O setor de serviços puxou a variação positiva, com alta de 1,4% e destaque para “o comércio varejista e os serviços pessoais, ligados ao crescimento do consumo das famílias, a atividade de internet e desenvolvimento de sistemas, devido ao aumento dos investimentos e os serviços profissionais, que transpassam à economia como um todo”, disse a coordenadora do IBGE, destacando que nesse trimestre o crescimento da economia foi totalmente baseado na demanda interna.
Ela aponta que o crescimento do consumo das famílias foi motivado pela melhoria do mercado de trabalho e pelas taxas de juros e de inflação mais baixas, além da continuidade dos programas governamentais de auxílio às famílias. Com mais consumo das famílias, a taxa de poupança foi de 16,2%, ante 17,5% no mesmo trimestre de 2023.
Os dados divulgados nesta terça-feira ainda não têm influência do efeito da tragédia climática causada pelas chuvas de abril e maio no Rio Grande do Sul. “Isso só vai aparecer quando tivermos as próprias pesquisas mensais referentes a esse período”, disse Rebeca. Segundo ela, o estado gaúcho representa cerca de 6,5% do PIB nacional, e os municípios afetados respondem por aproximadamente metade desse valor.
Mercado aquecido e consumo
A expansão da renda dos brasileiros teve papel relevante para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) apurado no primeiro trimestre deste ano. O crescimento foi de 0,8% na comparação com o desempenho da economia no último trimestre do ano passado, após dois trimestres consecutivos de estabilidade.
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o período de janeiro a março foi marcado pela resiliência do consumo e dos serviços, que impactaram a renda. E o pagamento, pelo governo federal, de precatórios, contribuiu para que mais dinheiro circulasse na economia. Esse montante corresponde a R$ 131 bilhões, ou seja, cerca de 1,1% do PIB, correspondente aos meses de dezembro de 2023 a fevereiro de 2024.
A Fiesp destacou ainda que o mercado de trabalho aquecido no primeiro trimestre dinamizou a economia. Segundo o Caged, foram criadas mais de 730 mil novas vagas com carteira assinada primeiro trimestre. Bem acima das 520,3 mil criadas em igual período de 2023.
Outro destaque foi o aumento real do salário mínimo, com seu impacto direto nos benefícios sociais. Inclusive previdenciários, que contribuíram para o aumento real da massa salarial em 10,4% no primeiro trimestre do ano em comparação ao mesmo período de 2023.
RANKING
Conforme o FMI, o Brasil atingiu suas melhores colocações na economia entre os anos de 2010 e 2014 (governos Lula 2 e Dilma 1), quando figurava na 7ª posição.
Em 2015, por conta da crise econômica, o Brasil recuou para 9ª posição, a qual se manteve em 2016. Em 2017, chegou a recuperar a 8ª posição, mas retornou para 9ª posição, em 2018 e 2019.
Em 2020 e 2021, já sob a gestão de Jair Bolsonaro. o Brasil caiu para 11ª posição e, ano passado (Lula 3), subiu dois degraus, ficando na 9ª posição.