Funcionário do IML tirava fotos dele e de alunas com cadáveres. Imagens mostravam os rostos e partes íntimas do corpos. Ministério Público investiga o caso como vilipêndio de cadáver
Mariana Lienemann, MetroWorldNews
Um auxiliar de necropsia do Instituto Médico Legal (IML) de Guarulhos está sendo investigado por vilipêndio e cadáveres. Conforme publicado pelo G1, o funcionário estaria compartilhando imagens dos mortos por meio de grupos de mensagens.
A polícia agora busca ouvir as mulheres que aparecem nas fotos tiradas dentro do IML, sendo que uma delas foi reconhecida como sendo aluna de um curso preparatório de necropsia no qual o auxiliar investigado trabalhava.
As investigações, comandadas pela Polícia Civil, foram instauradas em 7 de novembro de 2023, depois que uma denúncia feita pelo Ministério Público Estadual apontou que o auxiliar de necropsia Eron Marcelo Reis estava recebendo aproximadamente R$100 para levar estudantes da escola até o IML, onde permitia que eles tivessem contato com os corpos.
Nos grupos, foram compartilhados fotos, vídeos e prints que mostravam rotos e partes dos corpos. A identificação do funcionário foi realizada devido a suas tatuagens e ao áudio. Em nota, Eron afirmou que as imagens foram compartilhadas em um grupo privado de alunos do curso de Necropsia no qual ele era professor. O compartilhamento seria do ano de 2021.
O caso em questão é apurado pela Corregedoria da Polícia Civil, que instaurou uma sindicância administrativa. Em abril de 2024 o 2º DP de Guarulhos encaminhou um relatório de investigação ao Poder Judiciário. Por determinação do Ministério Público, as demais pessoas envolvidas deverão ser ouvidas.
Responsável pelos estágios
Segundo a reportagem, o agente foi ouvido durante a apuração dos fatos e revelou que desde o ano de 2021 era responsável técnico pelos estágios da Impera Cursos e Concursos, uma escola preparatória para concursos públicos no ramo da necropsia, recepcionando alguns alunos para estágios no Serviço de Verificação de Óbito.
Ele recebia aproximadamente R$100 por cada estágio realizado no SVO, local onde foram feitas as gravações e registros fotográficos. Segundo o agente, ele “tinha cuidado par evitar que os rostos aparecessem” nas postagens, que categorizou como sendo “de uso educativo”.
Por sua vez, a diretoria do IML não tinha conhecimento do caso, bem como a chefia da unidade em questão. A prefeitura de Guarulhos afirmou que “a Secretaria da Saúde de Guarulhos declarou que o funcionário não pertence aos quadros do SVO, mas sim do IML, do governo estadual”.
Leia a íntegra da defesa
“O propósito primordial deste grupo era estritamente educacional, destinado ao aprendizado sobre anatomia e medicina legal, temas essenciais para a preparação de concursos públicos.
Esse grupo existiu por um breve período de tempo com o objetivo de auxiliar os alunos em seus estudos, em conformidade com as diretrizes da parceria estabelecida legalmente com a escola SUS/SVO. Em nenhum momento foram solicitados ou cobrados valores dos alunos. O valor mencionado de R$ 100,00 refere-se ao pagamento efetuado pela escola ao professor para que este atuasse como responsável técnico, conforme exigido pela referida parceria.
Fui surpreendido com as alegações de investigação, uma vez que minha intenção sempre foi proporcionar um ambiente de aprendizado seguro e ético, sem qualquer intenção de prejudicar qualquer pessoa. Desde o início, houve preocupação em proteger a identidade dos envolvidos, garantindo que nenhum rosto fosse identificado nas fotografias compartilhadas.
Estou colaborando integralmente com as autoridades competentes para esclarecer qualquer mal-entendido e estou à disposição para fornecer todos os demais esclarecimentos necessários.”
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