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Mídia desonesta 13/Jul/2024 às 16:23 COMENTÁRIOS
Mídia desonesta

Globo vai se jogar, ao lado de Malafaia, nos braços da extrema direita moderada

Publicado em 13 Jul, 2024 às 16h23
Globo vai jogar lado Malafaia braços extrema direita moderada
Imagem: Tomzé Fonseca | Estadão

Moisés Mendes*, em seu Blog

Um ano e meio depois do golpe dos manés abandonados por Jair Messias Bolsonaro e pelos generais, há cenários e personagens com papéis definidos. O cenário principal é este: Bolsonaro está morto e cercado de carpideiras.

Quem está ao redor pode chorar, pode fingir que chora ou pode, por um empurrão de quem está atrás, cair dentro do caixão em cima do morto. É preciso abrir espaço para o que vem a seguir.

E Folha, Globo, Estadão, Faria Lima, grileiros, garimpeiros, militares e milicianos sabem o que vem aí. É o fascismo moderado. Vem o herdeiro do morto, que fica em volta da cova, não tão longe para que pareça desprezo, nem tão perto que corra o risco de cair no buraco.

A extrema direita moderada, mais uma invenção brasileira, que toma a liderança da facção dominante, é o que sobra para as elites e as corporações de mídia, desde 2018 sem pai, sem mãe e sem esperança de encontrar algo melhor para enfrentar Lula e o PT.

Jornalões, mercado e toda a delinquência órfã dos tucanos, e agora sem o chefão que ajudaram a criar, correm na direção do que é mais seguro, na base do pé na jaca, do tô nem aí, ao lado do pessoal de Silas Malafaia.

Tarcísio de Freitas pode começar a calibrar discurso, escolher emissários e partir para a interação mais intensa com essa gente.

O governador enfrenta o maior desafio entre todos os prováveis herdeiros do bolsonarismo. Tem que ser bolsonarista sem dar a entender que se joga por inteiro. Mas não pode parecer um bolsonarista pela metade.

Para a direita sem centro, exausta de procurar uma terceira via, Tarcísio é o cara, porque não há como levar a sério Zema, Caiado e Ratinho, e Michelle está próxima demais de Bolsonaro para não ser avariada. Michelle não terá como seguir em frente tendo o marido como defunto político.

Tarcísio, que usou uma camiseta amarela desbotada no 25 de fevereiro na Paulista, passa a ser o sujeito do sorriso meio amarelo, com atitudes e ações bem calculadas, diante de situações complicadas.

Vejam o que aconteceu em Balneário Camboriú, onde ele foi o único nome de expressão ao lado de Bolsonaro no encontro dos impunes. Tarcísio foi filmado rindo pela metade quando Eduardo entregou a Javier Milei a medalha dos três “i”.

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O governador riu um riso protocolar, enquanto o filho do inelegível explicava que aquela é a medalha do imbrochável, imorrível e incomível. Mas riu. Porque não podia ficar sério diante da brincadeira grotesca da parceria. Tem que mostrar que é da turma, mesmo que para muitos seja inconfiável.

Se pudesse, não teria rido, não teria participado daquela roda e talvez nem tivesse ido a Camboriú, como muitos extremistas não foram. Mas ele é o potencial herdeiro da medalha imunda.

As coisas irão se acomodar entre eles, na disputa pelo espólio, porque assim funciona a política a cada morte anunciada. Mas o fim de Bolsonaro recria para Folha, Globo e Estadão, que continuam protagonistas, o drama que enfrentaram em 2016 e 2018, quando ajudaram no golpe contra Dilma e na prisão de Lula e elegeram Bolsonaro.

As corporações enfrentam o dilema que não preocupa o mercado, porque o mercado acredita que haverá um novo Paulo Guedes ao lado de Tarcísio, que pode ser um Campos Neto qualquer, e tudo estará resolvido.

As corporações de mídia sabem que sabotar Lula é fortalecer de novo o bolsonarismo sem Bolsonaro, sem qualquer sinal de que o centro possa ser ressuscitado.

Tarcísio é o extremista moderado que passa a ser beneficiado pelo novo cerco das organizações a Lula. Sem que essas corporações saibam direito qual será o nível de moderação do sujeito que até agora não moderou nada em relação à essência do bolsonarismo.

O certo é que Bolsonaro está morto, que não há nenhum sinal de alternativa na velha direita e que o preço a ser pago, para acabar com Lula, é investir em Tarcísio.

A cova está aberta, com muita gente ao redor, incluindo as carpideiras de Folha, Globo e Estadão, que podem chegar perto demais de Tarcísio e, num empurrão de Malafaia, tombar sobre Bolsonaro.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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