Mídia desonesta

Jornalista demitida foi abandonada pelos colegas serviçais do mercado financeiro

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Repórter Renata Varandas foi demitida da Record após vazar entrevista com Lula

Moisés Mendes*, em seu Blog

A Record demitiu a repórter Renata Varandas, que trabalhava para o mercado financeiro. Renata foi descarada demais ao recortar trecho de entrevista que fez com Lula e antecipar o conteúdo para os abutres da Faria Lima.

A jornalista deveria fazer o que seus colegas amigos ou serviçais do mercado fazem há muito tempo, na grande mídia, e ser mais discreta. Deveria ficar na moita.

Tem gente trabalhando para o mercado financeiro, como porta-voz de bancos, financeiras e milicianos do rentismo, e não dá nada. Nunca deu.

Mas são péssimos colegas. Nenhum dos jornalistas que tentam sabotar o governo saiu em socorro da repórter que vendia informações privilegiadas.

Há divisão até nas facções do jornalismo que trabalhou pelo golpe de 2016 contra Dilma, pelo lavajatismo e pelo encarceramento de Lula.

Renata Varandas sabe quem são eles. Nós sabemos. A extrema direita tem um time de peso na grande mídia.

Eles não trabalham só para o mercado financeiro. Trabalham muito para o bolsonarismo, sob o disfarce de que são liberais. São piores do que a repórter demitida.

Eles são comentaristas, não são repórteres. Se as corporações de mídia decidissem mandá-los embora, não sobraria nem aquele da Academia Brasileira de Letras.

Mas essa turma presta bons serviços aos patrões que gostam de jogar e acenar para a extrema direita. De vez em quando, como aconteceu com Wlliam Waack e suas falas racistas, alguém tem que ir para o sacrifício.

Risinhos

A Globo cobriu a convenção do fascista Donald Trump como uma festa da democracia. É a festa da extrema direita que odeia e conspira contra a democracia.

Só faltou os repórteres carregarem bandeirinha e usarem esparadrapo na orelha.

Já a cobertura da eleição na Venezuela apresenta Maduro como um ditador, como sempre fizeram.

Mas poderiam ser menos eufóricos no engajamento à alucinação do fascismo republicano.

Nunca se viu tantos repórteres sorrindo tanto na cobertura de um evento político.

7 A 1

Está provado, pela propagação de memes que carimbam Haddad de Taxadão e Taxad, que a extrema direita dá um baile nas esquerdas nessa área do escracho político virtual.

Enquanto eles festejam nas redes o sucesso do deboche com Haddad, as esquerdas continuam espalhando a caricatura de Trump com a orelha do Van Gogh e se achando engraçadas.

As esquerdas fazem um humor político antigo e inofensivo, com as sacadas e os recursos do século 20. Se não admitirem, só fica pior.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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