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Acusado de estuprar dezenas de crianças, médico Fernando Cunha Lima é internado em hospital no dia do depoimento

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Após a primeira mãe ter coragem de denunciar, novos casos de vítimas abusadas pelo pediatra Fernando Cunha Lima não param de aparecer. O médico é de uma família de muito poder político na Paraíba e que detém grande influência na imprensa local, o que facilitou o acobertamento do escândalo e a intimidação das vítimas. Investigação aponta que a própria família Cunha Lima sabia dos crimes – pois uma das vítimas é sobrinha do pediatra –, mas decidiu abafar o caso internamente

Fernando Cunha Lima

O pediatra Fernando Paredes Cunha Lima, de 80 anos, decidiu se internar no Hospital da Unimed, em João Pessoa (PB), no dia em que a Polícia Civil o aguardava para prestar depoimento na delegacia.

Fernando Cunha Lima é acusado de abusar sexualmente de uma menina de 9 anos de idade durante uma consulta médica realizada em 25 de julho deste ano. A mãe da criança, que estava no consultório, disse em depoimento que viu o momento em que ele acariciou as partes íntimas da criança.

A mulher disse que imediatamente retirou os dois filhos do local e foi prestar queixa na Delegacia de Polícia Civil. Apesar da denúncia ter sido registrada naquele dia, o caso só se tornou público nessa quarta-feira (7).

Nesta quinta-feira (7), pelo menos mais seis mulheres criaram coragem e foram até a Delegacia para formalizar denúncias contra o pediatra. Entre elas, duas sobrinhas do médico que foram abusadas na década de 90. Por atuar na área de pediatria há muito tempo, a polícia acredita que o número de vítimas de Fernando Cunha Lima deve ultrapassar as dezenas.

Até agora, as denúncias indicam que os crimes acontecem há pelo menos 33 anos, já que o relato de uma das sobrinhas fala de um estupro que foi cometido em 1991. Gabriela Cunha Lima, de 42 anos, revelou que foi vítima de abuso sexual quando tinha 9 anos de idade.

“A gente frequentava a casa dele, veraneava. Em um desses dias, ele me acordou. Eu dormia no quarto da filha dele. Eu lembro que ele tinha voltado para almoçar. Ele ficou brincando comigo, dizendo que eu tinha acordado de madrugada com saudades do meus pais. Eu fiquei sem entender, porque não lembrava de ter acordado de madrugada. Quando foi mais tarde, todo mundo desceu e ele me chamou no quarto”, relatou Gabriela Cunha Lima.

“Ele [Fernando Cunha Lima] abaixou a calça e pediu para eu colocar as mãos nos órgãos dele, ficar fazendo movimento. Ele pediu para eu baixar a minha calça e colocou nas minhas partes e pediu segredo”.

Gabriela comentou que se arrependeu de não te procurado à polícia antes. Ela só teve coragem agora, após a denúncia do último dia 25 de julho. “Eu me sinto culpada por não ter feito a denúncia antes. A partir dos 18 anos eu poderia ter feito essa denúncia”, disse.

Fernando Cunha Lima é de uma família de muito poder político na Paraíba e que detém grande influência na imprensa local, o que facilitou o acobertamento do escândalo e a intimidação das vítimas.

O pediatra é tio do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) e irmão de Arthur Cunha Lima, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) e duas vezes presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba.

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Fernando Cunha Lima