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Facção criminosa mais temida da Venezuela ameaça Maduro em vídeo

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Homens encapuzados da facção criminosa mais temida da Venezuela enviaram recado a forças policiais e ao governo de Nicolás Maduro. A Tren del Llano investe em assassinatos (inclusive de políticos), sequestros, extorsão e tráfico de drogas

Imagem: elcooperante

Após motins e violência desencadeados devido à suspeita de fraude nas eleições venezuelanas, homens encapuzados que fariam parte do Tren del Llano, tida como uma das organizações criminosas mais temidas no país, enviaram recado a forças policiais e ao governo de Nicolás Maduro.

O que acontece

Maduro foi eleito com cerca de 51% dos votos, segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral). A oposição contestou imediatamente o resultado, denunciou irregularidades na contagem dos votos e disse que o seu candidato, o diplomata Edmundo González Urrutia, havia sido eleito o novo presidente da Venezuela.

A suspeita de irregularidades provocou violência generalizada no país. Vídeos publicados nas redes logo após o anúncio da suposta vitória mostram críticos ao regime entrando em confronto com a Guarda Nacional Bolivariana e paramilitares pró-Maduro, além da derrubada de estátuas que homenageiam o “chavismo”, que já completa 25 anos no poder.

Diante da escalada de tensão, homens encapuzados com fuzis nas mãos divulgaram vídeo com ameaças a forças policiais e a grupos chavistas. “Aqui mandamos um comunicado às Forças Armadas Bolivarianas: não queremos gerar violência, não queremos que maltratem o povo, não queremos que o povo seja vítima de violência por sua causa (…). Estamos aqui na frente para apoiar o povo. Quem gerar violência contra a população, vamos contra-atacar com tudo o que temos contra eles”.

Os homens encapuzados fariam parte da facção criminosa Tren del Llano, segundo a imprensa local. Na Venezuela, as facções são conhecidas como “bandas” (gangues) ou “megabandas” (megagangues) de acordo com o seu tamanho, estrutura, poder e influência. O Tren del Llano é uma das megagangues mais temidas do país.

O fiscal-geral, Tarek William Saab, uma espécie de chefe do Ministério Público, alinhado ao regime, afirmou que a direita estaria por trás das ações. “Agora [opositores] estão usando grupos de delinquência estruturada. El Tren del Llano, El Tren de não sei de onde. Um trem totalmente descarrilado. Eu quero que vocês vejam como essa gente já está associada a grupos paramilitares.”

Como surgiu a facção?

Grupo foi fundado por José Antonio Tovar Colina, conhecido como El Picure, no estado de Guárico, em 2008. A facção se dedicava inicialmente apenas a roubos de veículos, segundo a Insight Crime, fundação que analisa a dinâmica do crime organizado na América Latina.

A facção cresceu, se fortaleceu e se espalhou para outras regiões da Venezuela. Os criminosos passaram a investir em assassinatos (inclusive de políticos), sequestros, extorsão e tráfico de drogas.

“O crescimento do grupo está relacionado com o controle que passaram a exercer sobre alguns mercados ilícitos, anteriormente sob domínio de grupos estrangeiros, principalmente de grupos colombianos, ou de pequenos grupos locais venezuelanos, tais como extorsão (de comerciantes), sequestros, morte por encomenda e tráfico de drogas no varejo. No caso, o Tren del Llano estava se expandindo para outras localidades, eliminando ou absorvendo os grupos rivais”, afima Maria Nilza Oppermann, mestranda em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo.

El Picure foi morto por forças venezuelanas em 2016. O grupo é comandado atualmente por Óscar de Jesús Noguera Hernández, também chamado de Óscar del Llano ou El Pipi.

Ligação com as Farc?

A Venezuela é formada por duas principais gangues, El Tren de Arágua e El Tren del Llano. Apesar do poder de influência, ambas respeitam o território da outra, algo semelhante ao que acontece no Brasil, com o PCC (Primeiro da Capital) e o CV (Comando Vermelho).

“As informações sobre crime organizado acabam sendo um pouco dispersas, porque essas organizações são muito mutáveis e adaptáveis. Além de operarem com negócios lícitos e ilícitos, o que torna seu combate mais difícil, tamanha dimensão que abrangem. No caso da Venezuela, é ainda mais difícil ter acesso às informações porque eles não divulgam dados [oficiais] de segurança”, disse Maria Nilza Oppermann.

Relação com as Farc não é citada. Embora haja indícios, nenhuma autoridade venezuelana falou publicamente sobre a suposta ligação entre a facção venezuelana e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

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