Todos os dias há uma notícia devastadora sobre o caso de Fabiola Yañez, ex-primeira dama argentina e ex-mulher do ex-presidente Alberto Fernández, que o denunciou à Justiça por agressões físicas.
A notícia dessa quinta-feira é essa: a ministra da Defesa de Javier Milei, Patricia Bullrich, enviou dois policiais federais a Madri, onde Fabiola mora, para que sua segurança seja reforçada.
É uma medida previsível, diante das declarações dela de que continua sendo ameaçada. Mas é também uma ironia sob o ponto de vista político.
Um presidente e uma ministra fascistas estão preocupados com a proteção pessoal da ex- mulher de um ex-presidente identificado com o kirchnerismo, as esquerdas e os direitos das mulheres.
A extrema direita argentina está dizendo: ele criou o Ministério da Mulher (que nós fechamos), lotou o governo de mulheres, foi favorável ao aborto e se declarou feminista. Mas batia na mulher que nós, os fascistas, temos que proteger.
O fascismo está em êxtase com essa história. Alberto Fernández, o professor de Direito da Universidade de Buenos Aires, onde conheceu Fabiola 10 anos atrás, era um agressor que pode ter espancado a mulher quando ela estava grávida.
Ao enviar dois policiais a Madri, em combinação com a Justiça, Patricia apresenta-se como defensora das mulheres agredidas por seus machos. É triste, é arrasador.
A extrema direita está se divertindo com o caso, até porque, depois de admitir a um juiz que era agredida (ainda no tempo em que Fernández era presidente), Fabiola disse que continuava sendo ameaçada por telefone.
A jornalista disse também que desconfiava do segurança que a protegia em Madri, porque ele seria ligado a Fernández. Fernández mora em Puerto Madero e não pode, por decisão do juiz Julian Ercolini, abandonar Buenos Aires.
A Justiça, segundo o jornal Clarin, já reuniu provas, com fotos de hematomas e mensagens enviadas por Fabiola a uma ex-secretária de Fernández. Ele diz que nada é verdade. E uma pergunta não tem resposta: por que o presidente batia na mulher?
O drama pessoal de Fabiola se transformou em mais um caso dramático que só os argentinos são capazes de produzir. Com estragos sem precedentes no peronismo e nas esquerdas.
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*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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