Direitos Humanos

Os presos políticos que dormem com ratos e não aparecem nos jornalões brasileiros

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Imagem: litci

Moisés Mendes*, em seu Blog

Esse texto é para quem está preocupado com os presos políticos da Venezuela, que devem merecer atenção da imprensa e das organizações de direitos humanos, como todos os que são encarcerados como inimigos de algum regime.

Não se atenham apenas a números e leiam abaixo os nomes desses presos políticos, que nunca apareceram na grande imprensa brasileira. Facundo Gómez, Daniela Calarco, Cristian Valiente, David Sica e Roberto María de la Cruz.

Dos cinco, só Facundo Gómez foi libertado, porque não conseguiram formalizar uma denúncia contra ele. Os outros continuam presos. Estão numa penitenciária federal de segurança máxima.

Dormem em celas com ratos, sem coberta e sem luz. São presos que se comunicam apenas com os advogados, mas não estão em Caracas.

Estão presos nas cadeias de Ezeiza desde 12 de junho deste ano. O complexo penitenciário de Ezeiza não fica na Venezuela, fica na Argentina e abriga torturadores da ditadura, traficantes, chefes de gangues.

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Até bem pouco tempo, eram mais de 30 os presos políticos do 12 de junho, o dia das manifestações do povo diante do Congresso, quando da apreciação do pacote de leis que dá amplos poderes ao governo fascista de Javier Milei.

Ninguém leu e nem irá ler na grande imprensa do Brasil uma linha sequer sobre os presos políticos do regime de Milei, recolhidos à Ezeiza porque estavam nas ruas.

O vendedor ambulante Facundo Gómez, 31 anos, foi levado para a prisão quando falava ao telefone no centro de Buenos Aires. Foi solto porque convenceu o Ministério Público e a Justiça de que não cometeu nenhum delito.

Cristian Valiente foi preso e continua encarcerado porque a polícia encontrou com ele uma granada detonada. Essa é a acusação: Cristian portava uma arma de grande poder destrutivo em meio à manifestação. A arma era da própria polícia e já havia sido usada.

Segundo o jornal Página 12, as acusações contra todos os mais de 30 presos eram genéricas, sobre a prática de atos violentos nas ruas.

Estão presos, como muitos outros detidos nas três manifestações anteriores, porque enfrentam o governo autoritário de Milei ou porque simplesmente estavam nas ruas.

Ninguém irá encontrar um editorial de Folha, Globo e Estadão em defesa dos presos políticos do fascista argentino. Para os jornalões, só há presos políticos e ratos na Venezuela.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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