Natália do Mirante
Influenciadoras responsáveis pela página de fofoca são investigadas após vítima das postagens tirar a própria vida. “Ela ficava desesperada [com as publicações que a envolviam], inconsolável, achava que ninguém gostava dela. Foram lá mexer no ponto fraco dela”, desabafou a irmã da vítima
O tempo e Metrópoles
Donas de uma página de fofoca nas redes sociais em Nepomuceno, no Campo das Vertentes, em Minas Gerais, são investigadas após o suicídio de uma jovem nepomucenense de 20 anos. Ela, que já havia sido vítima de informações divulgadas na página, foi encontrada morta em Lavras, no Sul do Estado, há cerca de uma semana.
Natália do Mirante (foto em destaque), de 20 anos, que tirou a própria vida.
“Eu achava que minha irmã era forte, mas no fim não era. E ela ficava desesperada, ficava inconsolável, achava que ninguém gostava dela, que o cabelo dela era feio e muita gente sabia que o cabelo dela estava deixando ela triste. Eles foram lá mexer no ponto fraco dela”, disse a professora de pilates e irmã da vítima, Juliana Adomiram à EPTV Sul de Minas.
Fofoca tem consequência
O advogado que representa a família de Natália disse que está conversando com outras vítimas e que vai entrar com uma ação na Justiça.
“Com essa junção de pessoas, conseguiremos uma pena maior e que elas consigam, sim, fazer o cumprimento dessa pena em regime fechado, na cadeia, para que elas entendam que tudo que você faz em meio virtual tem sim uma consequência”, disse o advogado da família da vítima, Marcelo Luiz Adomiram de Souza.
Nesta semana, duas das três responsáveis pela página de fofoca foram ouvidas pela Polícia Civil, que investiga desde janeiro o perfil criado há mais de quatro anos e que tinha mais de 20 mil seguidores. Segundo a instituição, uma delas confessou que, no passado, a página já havia compartilhado informações sobre a jovem que cometeu suicídio. Ambas foram ouvidas e liberadas. A terceira pessoa identificada não mora em Nepomuceno e ainda será ouvida.
Segundo a Polícia Civil, as donas da página de fofoca podem responder criminalmente por crimes contra a honra, como calúnia e difamação. Também foram verificados, em alguns casos, crimes de injúria. As investigações são relacionadas a diversos compartilhamentos sobre moradores de Nepomuceno, não apenas à situação envolvendo o suicídio da jovem.
A Polícia Civil, que cumpriu mandados de busca e apreensão, apreendeu celulares das donas da página de fofoca. A instituição também está com acesso à conta. Mensagens que foram enviadas para o perfil estão sendo investigadas e vão auxiliar as autoridades a concluir o inquérito.
Como funcionava a página
A página de fofoca não está mais visível nas redes sociais. Segundo a Polícia Civil, com mais de quatro anos desde a criação, o perfil se destinava a postar informações pessoais sobre os moradores da cidade. Essas informações chegavam para as donas da página de duas formas:
Mensagens enviadas diretamente pelo Instagram;
Mensagens enviadas para um link externo, que permitia o anonimato de quem enviava as informações.
A Gossipnep produzia postagens expondo os moradores de Nepomuceno, cidade de 22 mil habitantes. O perfil era conhecido nas rodas de conversa do município apenas como página de fofoca, no entanto, para quem era citado nas publicação, era mais do que isso.
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