Anderson Pires
Colunista
Capitalismo 26/Set/2024 às 06:54 COMENTÁRIOS
Capitalismo

O capitalismo vai acabar com o mundo

Anderson Pires Anderson Pires
Publicado em 26 Set, 2024 às 06h54

Não existe alternativa para a questão ambiental pelo caminho do capitalismo. A recuperação do planeta passa, necessariamente, por um processo de solidariedade e redistribuição de riquezas

capitalismo acabar mundo meio ambiente
Agência: Fabio Rodrigues-Pozzebom | ABr

Anderson Pires*

A questão ambiental tem assustado todos. O fogo se espalha pelo mundo destruindo florestas e cidades. A cada ano o aquecimento global produz mais situações extremas, com secas, inundações e muitos eventos climáticos que castigam o planeta.

Escutamos previsões catastróficas de que o mundo estaria no limiar de um processo de recuperação. Caso não sejam tomadas medidas severas, a situação pode chegar num estágio que fique impossível reverter as condições climáticas e, assim, reestabelecer o mínimo de equilíbrio ambiental.

É uma decisão que cabe a quem habita o mundo, mas que na prática não é tomada. Sendo assim, o fim do mundo parece ser uma situação inevitável, por mais contraditória que pareça. Mas essa tem sido a escolha feita pelos homens.

Acredito piamente que o mundo está num caminho sem volta. Por mais debates que veja em torno das questões ambientais, muitas vezes, o que parece boa intenção, não se sustenta diante de duas questões que me parecem ainda mais difíceis de solucionar: os embates por territorialidade e o modelo capitalista vigente.

Clique aqui para ler todos os textos de Anderson Pires

A primeira questão é imutável: o mundo é um só, logo não pode existir qualquer medida que seja adotada de forma nacionalizada. Do que adianta um país adotar ações de recuperação ambiental, se outros tantos continuarem a degradar? É como enxugar gelo.

A outra questão diz respeito ao modelo econômico hegemônico. É impossível se chegar a medidas de proteção e recuperação ambiental dentro de um ambiente de concorrência comercial. O mundo não pode mais pagar a conta da exploração capitalista. Nem pode mais usar falsas soluções travestidas de redução da degradação. Basta ver o que acontece com a troca que tem sido feita entre veículos de combustão pelos que usam baterias elétricas. É uma solução para a indústria, que não gera impacto positivo na vida de quem nunca teve condições de ter um carro.

Em suma, a solução deveria ser eliminar carros e priorizar medidas que atinjam a coletividade. Medidas que eliminem qualquer tipo de degradação, seja ela pela produção de gases oriundos de combustíveis fósseis ou decorrente da produção de baterias a partir de minérios extraídos da Terra, que inclusive se tornarão em novo problema após a utilização.

Não existe alternativa para a questão ambiental pelo caminho do capitalismo. A recuperação do planeta passa, necessariamente, por um processo de solidariedade e redistribuição de riquezas. Se temos no mundo o suficiente para que todos vivam dignamente, inclusive com produção de alimentos maior do que as necessidades dos habitantes do planeta, bastaria um pacto global que garantisse subsistência e dignidade a todos.

Enquanto a discussão ambiental não abordar a questão central de que todas as formas de degradação são oriundas da exploração capitalista, teremos apenas um ativismo panfletário, incapaz de focar no que realmente será a solução para o aquecimento global e a crise que a humanidade vive em decorrência da concentração de riqueza e da exploração do homem pelo homem.

*Anderson Pires é formado em comunicação social – jornalismo pela UFPB, publicitário, cozinheiro e autor do Termômetro da Política.

→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… Saiba que o Pragmatismo não tem investidores e não está entre os veículos que recebem publicidade estatal do governo. Fazer jornalismo custa caro. Com apenas R$ 1 REAL você nos ajuda a pagar nossos profissionais e a estrutura. Seu apoio é muito importante e fortalece a mídia independente. Doe através da chave-pix: [email protected]

Recomendações

COMENTÁRIOS