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“Ganho 10% do que ganhava e hoje sou mais feliz. O dinheiro me transformou em um babaca”, diz empresário holandês

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Rick Vintage não faz apologia à pobreza, mas afirma que para ser feliz não é preciso acumular riqueza, e sim ter o necessário para viver com dignidade e sem dívidas. Ele explica por que abriu mão da fortuna e do luxo: "O dinheiro e a fama transformaram a nossa família em babacas"

Rick Vintage

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O empreendedor holandês Rick Vintage, de 57 anos, tomou uma decisão que pode parecer incompreensível para muita gente: trocou a fama e o luxo —incluindo três Porsche— e foi morar em uma embarcação, atracado em um canal na Holanda.

A embarcação se chama Vrouwe Jacoba (Sra. Jacoba, na tradução), é de 1895 e tem 22 metros de comprimento. Uma de suas filhas, Lux, de 18 anos, mora em uma pequena casa no jardim em frente ao convés. A história dele foi contada pelo jornal The New York Times.

O início do estrelato

Rick Vintage fundou uma empresa de papel de paredes em 2010, ao lado da então esposa. Ele chamou o “herói do design” Piet Hein Eek para trabalhar com o casal e a empresa virou um sucesso mundial: foram mais de três mil vendedores em 70 países em apenas um ano e meio.

“E eu fiquei rico”, contou Rick Vintage, ao jornal americano The New York Times. A empresa ganhou clientes notórios, estampou lojas em Nova York e foi premiada. Rick morava com a esposa e as duas filhas em uma casa nos arredores de Haia.

“Acho que comecei a acreditar que eu era especial”, revelou Rick Vintage, ao NYT.

Só que o dinheiro e a fama transformaram a família em “babacas”, segundo o próprio empresário e amigos da época. Rick comprou três Porsche em um ano e estava voando ao redor do mundo.

Como tudo mudou

Rick e a esposa se divorciaram em 2016, e ele se mudou para um apartamento em Haia. “Dois anos depois, dirigi até uma festa em Roterdã no meu novíssimo Porsche 911 GTS com minha namorada 20 anos mais nova ao meu lado”, contou ao NYT. Ele nem sequer sabia onde suas filhas estavam.

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“Foi quando eu realmente parei com todas as viagens e todo o glamour. E comecei a viver uma vida diferente. Foi assim que tudo começou”, avaliou Rick Vintage.

Rick terminou com a namorada, e teve crises de depressão e ansiedade. “No fundo da minha cabeça, eu sabia que sempre fui muito bom em ficar sozinho, mas não lembrava como”, afirmou.

Com uma crise também na empresa, ele vendeu os ativos para pagar contas e reduziu a equipe para ele e a ex.

Infectado com covid-19, ele percebeu que o isolamento forçado acabou sendo reconfortante. “Lá estava eu —sozinho, quebrado, com covid, sem aplausos— e me sentindo melhor do que nunca”, lembrou. Nesta época, buscou a reaproximação com as filhas.

A ideia de montar a casa flutuante foi da filha Lux. No início da faculdade de música em Amsterdã, em 2020, buscando onde morar na capital, ela achou tudo muito caro. Viu o anúncio de uma casa flutuante e, 24 horas depois, o pai já era o dono do imóvel.

A outra filha, Ella, mora com a mãe em Voorburg e estuda nutrição.

A vida no barco

A vida no barco nem sempre foi confortável.

“O vaso sanitário não dava descarga, o aquecimento não funcionava e havia vazamentos por toda parte. O interior –que eu tinha decidido não mudar– era composto principalmente de ripas de madeira amareladas dos anos 1970, e a cozinha nem tinha fogão”, relatou Rick Vintage.

Com o tempo, Vintage consertou o encanamento e instalou um fogão a lenha. “Investi em algumas boas ferramentas e comecei a trabalhar”, disse ele. Rick também cobriu o chão com tapetes, já que a embarcação é de aço e não tem isolamento, o que torna o interior bem frio no inverno.

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Grande parte da mobília era grande demais para o barco, então ele guardou e reaproveitou cadeiras no jardim. O luxuoso sofá foi cortado para caber no pequeno barco.

“No verão, eu cozinho lá fora no convés. Às vezes, amigos vêm, já que meu navio é o melhor lugar para jantar quando está quente. Se estiver muito quente, pulamos na água”, contou Rick Vintage.

Rick está solteiro e ainda tem amizade com a ex. Eles se encontram duas vezes por semana para trabalhar.

“Preciso de tempo para mim, minhas filhas, meus amigos, meu cachorro. Agora tenho 57 anos, ganho 10% do que ganhava antes, levo uma vida confortável e sem estresse, e estou muito feliz sozinho”, desabafou Rick Vintage.

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