Direita

A hora de cercar uma extrema direita abalada

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Perderam no sábado o velho bolsonarismo cansado de guerra de Bolsonaro, o pretenso novo bolsonarismo dos manos de Pablo Marçal e os enjeitados da arca de Malafaia acomodados no caminhão de som de Carla Zambelli

Paulo Gonet e Alexandre de Moraes

Moisés Mendes*, em seu Blog

Se o embate bolsonarismo X Alexandre de Moraes fosse um jogo com alternância de lances e movimentos, a jogada da vez seria do ministro do Supremo, desde que receba o passe de Paulo Gonet.

No 7 de Setembro da Avenida Paulista, o bolsonarismo jogou a bola pra lá do Itaim Bibi. Mesmo que parte da grande imprensa tenha achado que não foi bem assim, a aglomeração foi uma derrota para todos eles, das antigas e das novas facções.

Perderam no sábado o velho bolsonarismo cansado de guerra de Bolsonaro, o pretenso novo bolsonarismo dos manos de Pablo Marçal e os enjeitados da arca de Malafaia acomodados no caminhão de som de Carla Zambelli.

Qualquer aprendiz de ações políticas sabe que, na sequência de um movimento ou de uma ação política de massa, o próximo ato tem de superar ou se igualar ao primeiro gesto, em tamanho e repercussão.

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Aconteceu assim nas grandes mobilizações da história recente, nos esforços pelo fim da ditadura, pelas Diretas, pela queda de Collor e até, precisamos admitir, pelo golpe contra Dilma Rousseff.

Pela democracia ou pelo golpismo, a lição é uma só: não há como avançar com fracassos em sequência. E os últimos dois atos do bolsonarismo, no Rio e agora de novo na Paulista, ficaram muito abaixo do primeiro, de 25 de fevereiro em São Paulo.

Os três atos contra Moraes reuniram 185 mil pessoas em fevereiro, 33 mil em abril e 45 mil agora. Houve retração e estagnação de público. Juntando as aglomerações dos últimos dois atos, não dá a metade do primeiro. E a rua sempre foi a melhor expressão do ativismo dos tios bolsonaristas.

E agora? Agora Bolsonaro sabe que a capacidade de mobilização da extrema direita está na descendente. Ele é um líder questionado pelas turmas que se expressam, como as de Marçal e Zambelli, e pelos que se calam e desaparecem, como muitos desapareceram da Paulista.

A extrema direita fracionada (até Silas Malafaia tenta ocupar um espaço nessa guerra) está sem forças para continuar nas ruas e gritando com o ímpeto do início do ano.

No jogo do agora-é-a-tua-vez, Moraes tem a preferência, mas se quiser, por estratégia, pode ficar no mesmo lugar. Fingir inércia pode ser o seu jogo, mesmo sabendo que Bolsonaro está com a asa quebrada.

Moraes e Gonet sabem que as divisões no bolsonarismo tendem a se intensificar e que mais gente subirá em caminhões diversos, muito mais para afrontar Bolsonaro do que para se somar às tropas envelhecidas do tenente cansado.

Mas chegamos ao momento em que os prazos começam a se esgotar para quase tudo que envolve os acertos de contas do fascismo com a Justiça, nas mais variadas frentes. A bola está com Gonet e Moraes.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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