Gleisi Hoffmann, presidente do PT, repreendeu publicamente o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, por dizer que o partido “não saiu do Z4” nas eleições municipais. Segundo a líder petista, é necessário “refrescar a memória” do ministro sobre o que aconteceu com a legenda desde 2016
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, repreendeu publicamente o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), por dizer que o partido “não saiu do Z4” nas eleições municipais desde 2016. No futebol brasileiro, o termo é usado para se referir aos times na zona de rebaixamento.
“Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”, publicou Gleisi nas redes sociais. “Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam.”
Segundo a líder petista, é necessário “refrescar a memória” do ministro sobre o que aconteceu com a legenda desde 2016, ano do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT).
“Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema-direita. Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças.”
Horas antes, Padilha declarou que o PT tem de fazer uma “avaliação profunda” das municipais, mas negou que o pleito deste ano tenha impacto sobre 2026.
“O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas, na minha avaliação, não saiu ainda do Z4 que entrou em 2016 nas eleições municipais”, afirmou.
Os petistas conquistaram 252 prefeituras em 2024, atrás de PSD, MDB, PP, União Brasil, PL, Republicanos, PSB e PSDB. Houve um tímido crescimento frente aos 184 eleitos em 2020, mas o partido teve apenas uma vitória em capitais: com Evandro Leitão, em Fortaleza. Derrotas de aliados, como a de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, também provocaram ampla repercussão interna.
A Executiva Nacional da sigla se reuniu na tarde desta segunda-feira para analisar todo esse cenário. No encontro, houve divergências sobre a decisão de abdicar de candidatura própria na capital paulista e apoiar Boulos, que perdeu no segundo turno para Ricardo Nunes (MDB).
“Boulos era a crônica de uma morte anunciada! A candidatura errada na cidade errada! Havia Márcio França, Tabata Amaral e até a Ana Stela Haddd”, escreveu nas redes sociais o vice-presidente nacional Washington Quaquá. Integrantes da cúpula petista, como o deputado Carlos Zarattini (SP) e a própria Gleisi, discordaram do prefeito eleito de Maricá (RJ).
“O Boulos é um quadro que com certeza cumpria muito o que nós queríamos para a candidatura em São Paulo. Mostrava, sim, que tinha competitividade”, declarou Gleisi após a reunião. “Eu me pergunto: quem no PT iria disputar ou que outra candidatrura seria construída no campo do centro ou da centro-direita em São Paulo?”
Ela também exaltou o fato de o candidato do PSOL ter permanecido ao lado do PT no impeachment de Dilma e na prisão de Lula na Lava Jato, em 2018.