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2º turno confirma tendência: no país da Frente Ampla, direita e extrema-direita são as principais vitoriosas

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Imagem: Paulo Pinto | ABr

Danilo Paris*, Esquerda Diário

Confirmou-se também a tendência de reeleição. Com amplo controle do orçamento, os partidos do chamado Centrão prevaleceram no pleito eleitoral.

PSD e MDB passaram a ser os partidos com o maior número de prefeituras, controlando aproximadamente 38% do orçamento municipal no país: R$ 254 bilhões para o MDB e R$ 234 bilhões para o PSD.

Confira a análise do primeiro turno.

Jair Bolsonaro não obteve os melhores resultados no segundo turno. Muitos dos candidatos que ele apoiou não conseguiram se eleger. A derrota mais amarga ocorreu em Goiânia, onde ele enfrentou Ronaldo Caiado, seu mais novo desafeto.

Apenas um entre os 11 candidatos mais próximos de Bolsonaro conseguiu se eleger na primeira ou segunda etapa de votação: Abilio Brunini (PL), em Cuiabá. Ramagem, Engler, Queiroga, e Cristina Gramel estão entre os derrotados.

Desse ponto de vista, é possível afirmar que as alas mais radicalizadas do bolsonarismo não tiveram um bom desempenho.

No entanto, é importante não tomar uma parte pelo todo. Embora muitos bolsonaristas de perfil radical tenham sido derrotados, o PL foi um dos partidos que mais cresceu proporcionalmente – apesar de que menos do que previa Valdemar Costa Neto e Bolsonaro -, além de possuir uma expressiva bancada no legislativo.

Com diferenças regionais, Bolsonaro e seu clã se envolveram nas campanhas, buscando fortalecer seu peso institucional para reverter decisões recentes do judiciário, como sua inelegibilidade.

O PT voltou a vencer em uma capital depois de oito anos, com uma disputa acirrada em Fortaleza. Mas mesmo essa vitoria se deu em uma coligação com partidos como PP, Republicanos, PSD e MDB.

Ganhou também em outras cidades importantes, embora não sejam capitais, como Camaçari e Mauá.

Em outras disputas, o PT foi derrotado, destacando-se a performance de seu candidato em Cuiabá, que adotou um discurso mais alinhado com o bolsonarismo, com declarações contra a “ideologia de gênero”, entre outros disparates.

A eleição em São Paulo revelou pontos importantes. Apesar das concessões e sinalizações feitas a Marçal para atrair sua base, com destaque para a sabatina a que o candidatodo PSOL se submeteu vergonhosamente, Boulos obteve exatamente a mesma votação de 2020.

A diferença é que agora ele era o candidato apoiado pelo PT, com um fundo eleitoral oito vezes maior.

Nunes, logo após eleito, afirmou que Tarcísio era seu “líder maior”, enviando um recado direto a Bolsonaro e deixando claro que as disputas para 2026 já estão em curso.

O governador de São Paulo não escondeu suas credenciais de extrema-direita e, no dia do pleito, propagou uma fake news de que o PCC teria indicado voto em Boulos.

O PSOL saiu enfraquecido. Viu reduzir o número de vereadores – de 93 para 80 – e perdeu a prefeitura de Belém, com um dos maiores índices de rejeição, contrariando a tendência de reeleição que beneficiou a maioria dos prefeitos.

São Paulo, que era a grande esperança do PSOL, tornou-se uma enorme desilusão. Repetir o resultado eleitoral de quatro anos atrás foi um balde de água fria para os planos de Boulos.

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Ou seja, o partido deu conscientemente um giro pragmático eleitoralista à direita, passou a integrar o governo e a Frente Ampla, fez Federação com um partido burguês como a Rede, assumiu programas e discursos da direita com Boulos à cabeça desse giro, e perde peso eleitoral e especialmente peso militante, sendo hoje um partido movido em grande medida por uma militância paga pelo Fundo Eleitoral de 126 milhões de reais e pelos mandatos parlamentares.

A grande imprensa, ao insistir que há espaço para uma “terceira via”, tenta mostrar que Lula e Bolsonaro foram os grandes derrotados. Ela celebra o avanço de partidos como o PSD, que ocupa o espaço deixado pelo PSDB, agora apenas uma sombra do que já foi.

Apoiam-se nesse discurso para pressionar por mais ataques e mais austeridade fiscal, que o governo vêm indicando que pode fazer.

É verdade que tanto Lula quanto Bolsonaro enfrentaram reveses. Nenhum dos dois tem plena capacidade de garantir o sucesso eleitoral de seus apadrinhados.

Particularmente Lula está vendo Tarcísio se alçar talvez como um de seus principais adversários em 2026 com sua própria ajuda depois de tantos pactos e acordos como as privatizações em São Paulo e o Ministério que concedeu ao Republicanos.

Contudo, as disputas municipais diferem das presidenciais, e seria precipitado anunciar o fim dessa polarização.

O que é certo é que, à medida que a conciliação se amplia e traz mais ataques, as variantes de direita e extrema-direita se fortalecem. Na balança da Frente Ampla, a tendência é que o peso das alas de direita, já predominantes, continue a crescer.

Ligado a esse giro à direita, o governo já discute realizar uma reforma ministerial após a eleição das presidências das câmaras, para tentar contemplar ainda mais os principais ganhadores da eleição.

A principal conclusão para a classe trabalhadora é que é necessária uma política independente.

*Danilo Paris é editor de política nacional e professor de Sociologia.

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