Exploração Trabalhador

O fim do mundo vai se repetir, como aconteceu em 1888

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Trabalhadores escravizados

Tem até gente da esquerda prevendo o fim do mundo, se acabarem com a escala de seis dias trabalhados por um de folga, como está na proposta da deputada Erika Hilton.

Os escravistas diziam o mesmo sobre o fim da escravidão. É só ler Joaquim Nabuco, Gylberto Freire, Maria Firmina dos Reis, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Oliveira Silveira, Juremir Machado de Silva, Luiz Felipe de Alencastro, Emília Viotti da Costa e todos os que escreveram sobre o ‘fim do mundo’ depois de 1888.

Pelo poder de síntese, reproduzo esse trecho do Diário do Maranhão, de 1888, citado no livro de Juremir (Raízes do Conservadorismo Brasileiro, editora Civilização Brasileira), que cobrava “um programa governamental repressivo contra os novos cidadãos livres”.

O jornal defendia “a criação de leis repressivas contra a ociosidade e a vagabundagem”.

Esse é o trecho:

Centenas de indivíduos sem ofício, que terão horror ao trabalho, entregando-se por isso a toda sorte de vícios, precisam ficar sob um rigoroso regime policial para assim poderem ser melhor aproveitados, criando-se colônias, para as quais vigore uma lei, como a que foi adotada na França, recolhendo a estabelecimentos especiais os vagabundos. (…) Assim se praticou nos Estados Unidos depois da emancipação”.

E agora essa frase, de discurso do senador Paulino de Sousa, latifundiário do café do Vale do Paraíba, quando da votação da Lei Áurea:

A proposta que se vai votar é inconstitucional, antieconômica e desumana”.

Hoje, tem muita gente esperta, incluindo jornalistas que se dizem progressistas, advertindo que o fim da escala 6/1 vai criar um problemão para os próprios trabalhadores. Dá pra imaginar que a ‘vagabundagem’ será de novo um desses problemas?

Com essa esquerda, quem precisa de extrema direita?

Esperando

Ainda estou à espera da opinião do William Waack sobre a redução da jornada de trabalho, para só assim me sentir mais seguro.

O próximo

Depois da entrevista com Duda Lima, o marqueteiro do bolsonarismo no Roda Viva, por uma bancada de jornalistas cordiais e fraternos, só falta Vera Magalhães chamar o marqueteiro do PCC.

Estranho

Sei de muita gente que estranhou o excesso de Duda pra cá, Duda pra lá, na entrevista do marqueteiro no Roda Viva. Parecia que os jornalistas não estavam temerosos ao fazer perguntas, mas que temiam mesmo as respostas.

Concordo com quem acha que o sujeito pode ter sido informante de muita gente da grande imprensa na campanha, e agora é a hora de, pela omissão, pagar as dívidas.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).

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