Araçá, EsquerdaDiário
Com o final de 2024 e início de 2025 se aproximando, o governo se prepara para a eleição do próximo presidente da Câmara dos Deputados. Desde já, o nome mais cotado é o de Hugo Motta (Republicanos), candidato de Arthur Lira à sua sucessão, que conta com uma frente de apoio com partidos como Podemos, PRD, Republicanos, PP, PSD, PSB, União Brasil, PV, PCdoB, PT e PL.
Eleito pela primeira vez em 2010, Hugo Motta é parte da dinastia familiar que governa a pequena cidade de Patos, na Paraíba, há décadas. É um antigo aliado da direita e da extrema direita no Brasil. Ganhou maior relevância nacional ao assumir a presidência da CPI da Petrobras em 2015, parte da reacionária operação Lava Jato. Aliado de primeira hora do golpismo, Motta foi pupilo de Eduardo Cunha e votou a favor do golpe institucional de 2016, de pronto sendo parte da “tropa de choque” do governo golpista de Michel Temer e da aprovação da PEC do teto de gastos e da Reforma Trabalhista — ataques reacionários que abriram o caminho para a superexploração do trabalho contra a qual se revoltam a juventude e os trabalhadores que lutam pelo fim da escala 6×1.
Em continuidade a isso, Motta foi da base de apoio do governo asqueroso de Bolsonaro, compondo a bancada evangélica e a bancada ruralista. É um nome de confiança da direita para garantir os interesses do agro e das mineradoras, tendo votado a favor da urgência para a exploração de minérios em território indígena, bem como tendo votado a favor da PL490, projeto do Marco Temporal que é um ataque histórico aos povos indígenas que se soma às queimadas no projeto de expansão das fronteiras agrícolas e de massacre dos povos originários conduzido pelo agronegócio e pelo garimpo e impulsionado pela direita e extrema direita, mas que é também fortalecido pela divisão de tarefas entre o governo da Frente Ampla Lula-Alckmin e o STF.
Dentro do PL, Motta tem apoio direto de Bolsonaro bem como de Valdemar Costa Neto, bem como apoio do nojento Nikolas Ferreira, sob a esperança de que Motta cumpra um papel importante no avançar da “PL da Anistia” aos envolvidos no 8 de Janeiro. Já no PT, com aval direto de Lula, o discurso é de que o apoio a Motta é “reafirmar os princípios democráticos para garantir o funcionamento adequado dos partidos da Casa”, com setores minoritários querendo condicionar o apoio já garantido à possibilidade de não pautar a anistia do 8J.
Motta aparece então como o “candidato do consenso” da Frente Ampla: uma peça importante para o projeto do governo Lula-Alckmin de tentar reeditar o Lulismo sob bases senis, buscando estabilizar o regime político para garantir a manutenção e aprofundamento do conjunto da agenda do golpe de 2016, que tem no Arcabouço Fiscal — defendido por Motta — a sua continuidade.
A frente ampla em torno da eleição de um reacionário como Motta é mais um exemplo categórico da necessidade de construir uma alternativa dos trabalhadores que supere pela esquerda o PT e o seu projeto de gestão do capitalismo decadente. Uma alternativa com total independência de classe, de todos os patrões e governos, que confie apenas nas forças dos trabalhadores e setores oprimidos para impor a revogação de todas as reformas e cortes, mas também que imponha o fim da escala 6×1, a redução da jornada de trabalho pra 30 horas sem redução salarial, mirando a consolidação de um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.
*Araçá é estudante de Letras da UFRN e militante da Faísca Revolucionária
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