Youtuber está ganhando muito dinheiro filmando aulas e desrespeitando professores e colegas no curso de História da UnB. Seus vídeos recebem milhões de visualizações. Além de editar as falas para ridicularizar os docentes, o influencer questiona fatos históricos com revisionismos de extrema-direita. O youtuber nega que exista racismo no Brasil, mas diz que sofre preconceito por ser branco. Universidade diz que abriu sindicância
A UnB vai investigar práticas abusivas do youtuber Wilker Leão. O rapaz está gerando milhões de visualizações nas redes filmando professores e alunos durante as aulas no curso de História.
Nas imagens, é possível ver professores e colegas expostos, enquanto o youtuber os satiriza. Os vídeos mostram Wilker rindo e falando em “doutrinação de esquerda”.
Colegas e professores relatam que os vídeos do youtuber são editados e as falas são distorcidas. “Ele distorce as falas, edita as conversas e constrói uma situação irreal. Ele já disse abertamente que faz isso porque dá mais visualizações”. As informações são do UOL.
“A gente tem uma pessoa que não está aqui para estudar e sim para sabotar. Vamos falar disso claramente. A gente não vai ficar fingindo. Essa situação não pode ficar assim. A gente tem uma subcelebridade da extrema direita e ele se matriculou na UnB para fazer esse showzinho, para capitalizar e monetizar em cima da gente. A maior falta de respeito. O cara veio para tocar o terror”, diz um professor filmado durante aula.
O youtuber narra, sem apresentar provas, que as universidades públicas do Brasil impõem uma “doutrinação de esquerda”, incluindo a UnB. O acadêmico interrompe as aulas para fazer comentários sobre direitos humanos, racismo, gênero e demais temas enquanto filma rosto e vozes dos docentes e de outros alunos.
Em um dos vídeos Leão aponta que sofre “discriminação” após professora falar sobre privilégios de pessoas brancas. Leão é um homem branco e afirma que os próprios negros são racistas e que a professora “culpou a branquitude pelos problemas do mundo”. “Não foram só negros que foram escravizados. Brancos foram escravizados também”, diz Leão em um vídeo. Em outro, ele diz que existe uma “cartilha da esquerda e cartilha a vitimização” quando o racismo é tratado em sala de aula.
O youtuber nega que exista racismo na estrutura da sociedade brasileira. Temas como violência de gênero e policial também são relativizados pelo influenciador.
Uma professora da UnB chegou a registrar boletim de ocorrência por difamação. A docente disse em depoimento que foi chamada de “autoritária” e que os vídeos de suas aulas chegaram ao conhecimento de seus filhos menores de idade, que se depararam com “sucessivos comentários de ódio” da base de seguidores do influenciador. A Polícia Civil do Distrito Federal comunicou que a “ocorrência foi registrada via Delegacia Eletrônica e encaminhada à 2ª DP, que está investigando o que foi narrado”.
Professores reuniram documentos e estudam acionar a Justiça no caso envolvendo o youtuber. A comunidade acadêmica assinou um termo proibindo o uso de suas imagens em vídeos publicados por Leão. Contudo, os vídeos continuam sendo publicados. Em partes, as identidades dos presentes são preservadas, mas em cortes específicos é possível ver os rostos de outros alunos e de um docente.
A UnB diz que está prestando auxílio aos docentes e alunos. Em complemento, a universidade citou que “o discente, como parte do seu processo de ensino-aprendizagem, pode fazer uso privado ou pessoal do material pedagógico que lhe é fornecido em sala de aula. Porém, qualquer modificação, alteração ou publicação, sem a devida autorização, fere diretamente os direitos autorais do docente, constituindo uma violação o seu uso para fins diversos do objetivo de estudo”.
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