O mercado financeiro reagiu como reagem os mafiosos, diante da notícia, divulgada no início da tarde de quarta-feira, de que o governo finalmente iria implementar o compromisso de Lula de isentar de Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil mensais.
O dólar chegou a R$ 5,91, e a Faria Lima anunciou o fim do mundo. Por que esse desespero ressentido e em tom de vingança? Porque, segundo eles, o governo produzirá um ‘rombo’ de até R$ 40 bilhões pelo que deixa de arrecadar.
Para o mercado, esse dinheiro vira lixo. É como se o governo botasse fora R$ 40 bilhões. E o mais imbecil dos estagiários da Faria Lima e o ajudante do mais cruel operador de mercado sabem que não é bem assim.
Eles sabem que a isenção de até R$ 5 mil representa dinheiro no bolso do povo. Que esse dinheiro gera consumo, que gera produção, que gera emprego. E que gera arrecadação.
Quem ganha até R$ 5 mil hoje teria acréscimo de renda de cerca de R$ 700. O mercado financeiro quer esse dinheiro para o seu esquema rentista, e não para a população.
Assim como não quer a tributação dos milionários. Por isso o dólar subiu e o mercado ficou inquieto. O mercado não quer o pobre e a classe média com dinheiro no bolso e não quer que tirem dinheiro dos ricos.
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Além disso, eles dirão: a mexida na tabela do Imposto Renda vai gerar consumo, que gera inflação. É o que dizem sempre. É o argumento que usam para os juros altos do Banco Central comandado por um bolsonarista.
Produção, consumo e renda são um problema para o mercado financeiro e os rentistas, que vivem dos juros pagos pelo governo e pelo povo.
A isenção do Imposto de Renda pode ser a primeira grande medida de impacto do governo Lula, num momento em que o povo reclama da perda de poder de compra com a inflação de produtos básicos.
Se não for, se não tiver repercussão nenhuma nas próximas pesquisas sobre a aprovação de Lula, então não há nada a ser feito. Que se entendam com a Faria Lima.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).
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