Perita sai em defesa do motorista de Porsche que matou motociclista: "Hipocrisia tremenda"
Perita amiga de condutor de Porsche que assassinou motociclista disse que a repercussão do caso é uma "tremenda hipocrisia". A perita ainda disse acreditar que o empresário "não queria atropelar a vítima", embora as imagens mostrem o contrário. Apesar da fala da profissional, Igor virou réu por homicídio doloso triplamente qualificado. O condutor acumulava mais de 400 pontos na CNH por violações
A fotógrafa pericial Telma Rocha, do Departamento Estadual de Homicídios de São Paulo, admitiu ser amiga do motorista de Porsche Igor Sauceda, acusado de atropelar o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, em agosto deste ano. Em uma entrevista ao podcast Inteligência Ltda, Telma também disse que a repercussão do caso seria uma “hipocrisia tremenda”, afirmando que Suceda tinha origens humildes e que outras ocorrências parecidas, sem envolverem carros de luxo, não seriam tão divulgadas.
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“Eu acho que você acelerar um carro potente e cometer um acidente desse é sua cara responder. Ponto. Mas vamos ser, no mínimo, menos hipócritas. Sério mesmo? O cara (Igor) é filho de um churrasqueiro de rua. Ninguém falou isso, vocês sabiam disso? O pai dele era manobrista, vendia churrasquinho na rua, montou uma birosquinha, ela aumentou, colocou os filhos para trabalhar”, disse ela.
Acusado de matar o motociclista após um desentendimento na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, Sauceda era um dos sócios do Beco do Espeto. O estabelecimento era localizado no bairro do Itaim Bibi e conhecido por levar shows de artistas de funk, DJs, sambistas e pagodeiros. Durante o podcast, a perita descreveu o jovem, no entanto, como “um cara da periferia que está sentado num financiamento bancário para comprar um Porsche, que era um sonho de consumo”.
Na noite em que ocorreu a batida, ele estaria retornando do trabalho. O bafômetro apontou que ele não consumiu álcool, mas, de acordo com informações do portal de notícias do Uol, Igor acumulava 450 pontos na carteira de habilitação (CNH).
Ainda na entrevista, a fotógrafa disse ela também tinha 180 infrações registradas na carteira. Além disso, em defesa do amigo, afirmou que acredita que ele não queria atropelar a vítima, mas sim “buscar a moto” que teria quebrado o retrovisor de seu carro.
“Se eu não conhecesse esse moleque (Igor), eu não estaria entrando nesse assunto do jeito que eu estou. Ele estava bêbado? Não. Drogado? Não. Ele que ligou para o Samu? Foi. Ele que estava a 110 km/h? Não. Então, filho, dê o poder de Justiça. Foi um acidente”.
O caso foi inicialmente registrado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas, depois, foi convertido em homicídio doloso, quando o autor assume o risco de matar.
Em nota encaminhada ao Uol, a família de Pedro Kaique, vítima da batida, lamentou as falas da perita e disse que a Corregedoria da Polícia Civil deverá investigar o caso, se existir a suspeita do cometimento de algum excesso pela profissional.
Rafaela Gama, O Globo
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