Quem disse que o fim da escala 6x1 geraria desemprego?
Diego Nunes, EsquerdaDiário
A proposta da deputada federal Erika Hilton (PSOL) foi inspirada no movimento criado pelo vereador do Rio de Janeiro Rick Azevedo (PSOL), um jovem trabalhador que criou uma petição pública contra a escala 6×1. Com o título Por um Brasil que Vai Além do Trabalho a petição já conta com mais de dois milhões de assinaturas.
A redução da jornada de trabalho sem redução salarial, ao contrário do que afirma Paulinho da Força e os reacionários do MBL ou do PL de Bolsonaro, geraria mais emprego, mais postos de trabalho e não mais demissões. Pois as horas de trabalho que cada trabalhador tiver a menos podem ser divididas com trabalhadores que não estão empregados. Essa pauta está sendo muito importante para que caiam as máscaras dos populistas de direita e de extrema direita e se revelem as suas verdadeiras caras, caras de pau de quem na verdade está do lado dos grandes capitalistas e exploradores.
Os argumento de Erika Hilton exploram o exemplo de países desenvolvidos que já reduziram a jornada de trabalho e com isso aumentaram a produtividade, ela argumenta também em favor da saúde mental e física dos trabalhadores e o direito a vida e ao lazer. Esses argumentos não se enfrentam com a lógica neoliberal até o fim, pois promete mais produtividade e mais lucro para os patrões, embora com menos trabalho. Erika Hilton tenta em seus discursos demonstrar como está preocupada em conciliar os interesses de patrões e empregados. Porém, estes interesses são inconciliáveis. Somente uma batalha nas ruas por redução da jornada de trabalho sem redução salarial, mais emprego, efetivação de todos e todas as terceirizadas, atacando os lucros da classe capitalista é que pode realmente garantir uma vitória para a nossa classe. Pois que sejam eles que paguem pela crise que criaram e não nós trabalhadores que produzimos tudo.
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A luta pela abolição da escala 6×1 deve se conectar com a luta contra a terceirização que humilha, escraviza e divide a nossa classe, bem como com a luta contra a uberização e a propaganda enganosa do empreendedorismo propagado no Novo Ensino Médio. Esse movimento precisa tomar as ruas para unificar toda a classe trabalhadora e a juventude estudantil, em especial os setores mais explorados da sociedade. Precisamos nos organizar de forma independente em cada local de trabalho e estudo e tomar as ruas em um grande movimento que sirva para superar as direções das grandes centrais sindicais e de muitos sindicatos pelo país que estão com o rabo preso com o governo de conciliação de Lula/Alckmin e cumprem um papel de freio da luta de classes, como são a CUT (dirigida pelo PT) e a CTB (dirigida pelo PCdoB) por exemplo.
Um levante contra a escala 6×1 pode colocar fortes questionamentos contra o Arcabouço Fiscal, a reforma trabalhista, da previdência e do Ensino Médio, mantidas e levadas à frente pelo governo de frente ampla, mas também as recentes medidas do STF contra o funcionalismo público que permite que novos servidores sejam contratados com menos direitos pela CLT. Por fim, é nas ruas que podemos exigir que todo político e juiz ganhe como uma professora e batalhar por uma vida que valha a pena ser vivida, com redução das jornadas de trabalho e divisão das horas de trabalho entre empregados e desempregados.
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