A arregimentação colossal da crença conservadora e de posicionamentos extremistas se tornou uma capacidade intrínseca ao poder das Big Techs com escala de atuação sem precedentes na história
Denis Castilho*, Pragmatismo Político
O episódio do X/Twitter no Brasil em agosto deste ano foi apenas uma pequena demonstração da avalanche que já estava ocorrendo nos EUA e do que está por vir em muitos países, inclusive no Brasil. São várias as frentes e dimensões que colocam em questão a soberania dos Estados nacionais perante as formas espúrias de atuação de empresas de tecnologia, as famigeradas Big Techs.
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Não é Bannon. Agora é Musk ou, também, Amazon, Alphabet e suas “metas”. A vitória de Trump nos EUA é uma vitória dessas empresas e aponta para o adensamento do poder envolto ao novo arranjo de comando dos cabos submarinos em escala mundial. Obviamente que essa eleição guarda relação com muitas variáveis, bastando citar a participação dos EUA em guerras por procuração – o que tangencia o mote da política externa, a estratégia de Trump em estados como Wisconsin, as pautas econômicas, a aposta em temas polêmicos como o aborto, xenofobia e migração. Isso tudo incidiu no apoio massivo que Trump recebeu até mesmo de migrantes em regiões tradicionalmente lideradas pelos democratas.
Não é difícil, aliás, escutar de brasileiros ou mexicanos naturalizados nos Estados Unidos opiniões favoráveis (e paradoxais) ao fechamento de fronteiras e deportação em massa de migrantes ilegais.
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É inegável o papel e a relevância das gigantes da tecnologia em todo o processo. A arregimentação colossal da crença conservadora e de posicionamentos extremistas se tornou uma capacidade intrínseca ao poder das Big Techs com escala de atuação sem precedentes na história. Haveria tempo para antídotos? Os Democratas estadunidenses talvez tenham entendido a receita de Bannon, mas estão “imperiosamente” obsoletos diante da forma rápida, visceral e perigosa como agem as plataformas e seus donos.
*Denis Castilho é doutor em geografia e professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás.
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