Arsênio é encontrado em sangue de vítima e de dois sobreviventes que comeram bolo em Torres
Arsênio (As) é o elemento de número 33 da tabela periódica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se de uma das 10 substâncias de maior preocupação para a saúde pública. Três pessoas morreram e outras três foram hospitalizadas após comerem um bolo em Torres (RS)
Análises feitas em laboratório identificaram arsênio no sangue de uma das vítimas e de dois sobreviventes que comeram um bolo em uma confraternização familiar em Torres (RS), no último fim de semana. O material foi coletado pelo hospital e levado até a Polícia nesta sexta-feira (27). As informações são do g1.
A substância encontrada pela perícia é extremamente tóxica, além de ser uma das mais utilizadas em venenos. As informações do achado foram compartilhadas pelo delegado Marcos Vinícius Veloso.
“O próprio hospital levou o material para o Centro de Informação Toxicológico. Nesse centro, foi constatado arsênio no sangue de duas vítimas que sobreviveram, que estão no hospital ainda, e de uma mulher que morreu, a dona Neuza”, explicou a autoridade.
As pessoas citadas pelo delegado são de dois sobreviventes – a mulher que preparou o bolo e o sobrinho-neto dela, de 10 anos – e Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65 anos, que morreu. O sangue deles foi analisado pelo laboratório, que constatou a presença da substância nos três.
Em declaração à emissora, Marcos revela que a autora da sobremesa foi a única do grupo a comer duas fatias. A maior quantidade de arsênio, inclusive, foi encontrada nas amostras sanguíneas dela. Com o resultado, a polícia apura as hipóteses de envenenamento ou intoxicação alimentar.
ARSÊNIO
Arsênio (As) é o elemento de número 33 da tabela periódica. Ele pertence à categoria dos semimetais e é um subproduto tóxico obtido a partir do tratamento de minérios de cobre, cobalto, chumbo, níquel, ouro e zinco.
A substância está amplamente presente no planeta e é liberada no ambiente tanto de maneira natural (por poeiras e vulcões), como pela ação do homem (mineração, aplicação de agrotóxicos, queima de carvão, etc.).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o arsênio é uma das 10 substâncias de maior preocupação para a saúde pública. A exposição a arsênio pode causar intoxicação alimentar e reações similares a alergias, câncer em caso de exposição recorrente, e até morte.
O arsênio pode originar compostos orgânicos (presentes em frutos do mar, por exemplo) e inorgânicos (compostos metálicos e ferrosos, que contaminam plantações e fontes de água).
Um composto inorgânico do elemento muito conhecido é o arsênico, ou trióxido de arsênio, que é um veneno muito utilizado em pesticidas.
O arsênio, em sua forma natural, não é um elemento essencial para o ser humano — ou seja, não precisamos dele para sobreviver. E, enquanto os compostos orgânicos do arsênio são menos prejudiciais e podem ser rapidamente eliminados pelo corpo, os compostos inorgânicos são altamente tóxicos, especialmente em casos de exposição a níveis elevados.
ENTENDA O CASO
O consumo de um bolo supostamente contaminado com arsênio resultou na morte de três pessoas da mesma família em Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul. As vítimas participavam de um café da tarde quando passaram mal.
A reunião familiar ocorreu na última segunda-feira (23/12). Sete pessoas estavam presentes, mas apenas uma não consumiu o bolo. Entre os que comeram seis passaram mal e precisaram ser levados ao Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres. Uma delas recebeu alta.
Neusa Denise da Silva dos Anjos, de 65 anos, morreu na terça-feira (24/12), após sofrer um “choque pós-intoxicação alimentar”. As irmãs Maida Berenice Flores da Silva, de 58, e Tatiana Denize Silva dos Santos, de 43, também faleceram, ambas por paradas cardiorrespiratórias.
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