Além disso, 7,4% dos paraibanos vive em extrema pobreza, com uma renda abaixo de R$ 209 por mês.
Luana Silva, g1
João Pessoa é a capital com maior concentração de renda do Brasil, apontam dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (5), sobre pobreza e renda na Paraíba. Em 2023, o índice de Gini da capital paraibana, que calcula a desigualdade de renda, era 0,629, o mais alto do país.
Enquanto João Pessoa é apontada como um dos destinos mais procurados do mundo, referência em qualidade de vida e belezas naturais, os indicadores sociais para uma boa parcela dos paraibanos mostram uma realidade diferente. Para se ter uma ideia, o índice de Gini da capital paraibana em 2023 ficou acima de São Paulo, que foi de 0,585.
O índice de Gini é um dos indicadores que mensuram a concentração de renda. Quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade, e quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade de renda entre a população. Assim como no Brasil e no Nordeste, na Paraíba os resultados desse indicador têm oscilado ao longo dos últimos dez anos. Porém, no estado, percebe-se uma tendência de crescimento a partir de 2020.
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O rendimento médio dos 10% mais ricos em João Pessoa é de R$ 26.070, para os 40% mais pobres da capital esse rendimento é de R$ 972, com uma razão 10/40 igual a 26,8. Esse número é maior do que a média da Paraíba, que é de 18,6, e mais do que o dobro das proporções tanto para o Nordeste como para o Brasil, de 13,2 e 11,9, respectivamente.
Pobreza na Paraíba
Ainda segundo os dados do IBGE, 7,4% da população da Paraíba, quase 300 mil pessoas, está vivendo em situação de extrema pobreza, ou seja, tinham rendimento domiciliar per capta abaixo da linha de extrema pobreza definida pelo Banco Mundial (US$ 2,15 PPC por dia ou R$ 209 por mês). No Brasil, a proporção da população em extrema pobreza era de 4,4%, enquanto no Nordeste era de 9,1%. As informações são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2024, divulgada nesta quarta-feira (04), pelo IBGE.
O percentual de pessoas vivendo em extrema pobreza, no entanto, diminuiu com relação ao ano de 2021, quando a Paraíba atingiu 15,6%.
Leia também: Renda dos 10% mais ricos é 14,4 vezes superior à dos 40% mais pobres
Além disso, quase metade dos paraibanos, 47,4%, vive abaixo da linha da pobreza adotada pelo Banco Mundial (US$ 6,85 PPC por dia ou R$ 665 por mês), ficando acima dos indicadores observados para o Brasil (27,4%) e o Nordeste (47,2%). Ressalta-se que esse indicador se refere à pobreza monetária, ou seja, à insuficiência de rendimentos das famílias para provisão de seu bem-estar, sem considerar outras dimensões importantes para a conceituação de pobreza.
Pretos e pardos ganham menos
Quando analisadas as diferenças relativas à cor ou raça, na Paraíba, o rendimento médio mensal de todos os trabalhos era de R$ 3.565 para as pessoas brancas, de R$ 1.837 para os pardos e de R$ 1.414 para os pretos. Nesse caso, as pessoas brancas ganhavam 94,1% a mais que os pardos e tinham ganhos 152,1% superiores aos dos negros.
Desigualdade em João Pessoa
Em 2010, o Índice de Gini de João Pessoa era 0,628. Apesar do aumento ter sido de 1%, a capital paraibana não seguiu a tendência de outras capitais brasileiras que conseguiram reverter esse índice, pelo contrário, vem aumentando. Recife, por exemplo, em 2010 tinha um índice Gini de 0,689 e reduziu para 0,549 em 2023.
Em 2010, João Pessoa ficava em nono lugar entre as capitais mais desiguais. Em 2023, passou a ocupar o primeiro lugar desta lista.
Ou seja, mesmo com uma queda no número de pessoas em extrema pobreza na Paraíba, a capital paraibana está mais desigual.
Valorização de imóveis
A cidade de João Pessoa apresentou nos últimos 12 meses a maior valorização acumulada nos imóveis residenciais (17%), de acordo com o levantamento FipeZAP de Venda Residencial, desenvolvido em parceria pela Fipe e o ZAP. Além diso, levando em consideração o ano de 2024, até o mês de setembro, João Pessoa foi a segunda cidade que mais apresentou valorização dos seus imóveis (13,26%).
Com os preços mais altos e a desigualdade de renda, a população mais pobre é “empurrada” para áreas mais distantes do Centro e Orla. Um indicativo dessa informação é o crescimento da Zona Sul de João Pessoa, como o bairro de Gramame, que nos últimos 10 anos ganhou 40 mil novos habitantes e se tornou o segundo mais populoso do estado.
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