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Jair Bolsonaro 05/Dez/2024 às 17:30 COMENTÁRIOS
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PF encontra contrato de reforma de R$ 900 mil em casa de Bolsonaro declarada por R$ 98 mil

Publicado em 05 Dez, 2024 às 17h30

R$ 900 mil para reformar a casa? Documento foi identificado em uma pasta na mesa do ex-presidente durante operação de busca e apreensão na investigação que apura a tentativa de golpe de Estado

PF encontra contrato reforma mil casa Bolsonaro declarada
Jair Bolsonara e o antes e depois da sua casa de Angra dos Reis

Sarah Teófilo, O Globo

A Polícia Federal encontrou um contrato de R$ 900 mil para a reforma da casa de Jair Bolsonaro em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio. O documento foi identificado em uma pasta na mesa do ex-presidente no escritório do PL, em Brasília, durante uma operação de busca e apreensão na investigação que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022. O material foi juntado ao inquérito em que o ex-mandatário foi indiciado por tentar reverter o resultado das eleições.

Ao analisar o contrato de reforma da casa de Bolsonaro, a PF destacou em um relatório que “chama a atenção o fato de a reforma estar orçada na vultuosa quantia de R$ 900 mil, ao passo que, na declaração de bens de Bolsonaro, nas eleições de 2022, a residência estava avaliada em R$ 98.500”, em referência à informação prestada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na tentativa de reeleição. “O montante da reforma corresponde, portanto, a quase dez vezes o suposto valor do imóvel declarado”, destacou o agente da PF que assina o relatório datado de 18 de novembro deste ano.

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Os valores de imóveis declarados ao TSE costumam estar abaixo dos preços praticados no mercado, porque a lei não exige que sejam atualizados ao longo do tempo. Consultada pelo Globo, uma corretora que atua na região estimou que a casa esteja avaliada em cerca de R$ 2,5 milhões, em função da localização, tamanho e por características como a proximidade da praia.

O contrato da reforma analisado pela PF é datado em 11 de outubro de 2023 e não está assinado nem por Bolsonaro nem pela empresa de engenharia responsável pelo serviço. Procurada, a defesa do ex-presidente não se manifestou. Nesta quinta-feira, após a publicação da reportagem, Bolsonaro se manifestou em vídeo nas redes sociais.

“Fiz a reforma, sim, de R$ 900 mil e paguei em pix. Tudo declarado no imposto de renda, inclusive o valor da reforma. Essa casa eu adquiri, ou melhor, a construí nos anos 90, sem problema nenhum. Não tem nada de ilegal. Paguei com pix”, afirmou.

O contrato analisado pela PF informa que o valor de R$ 900 mil inclui mão de obra e material. O documento diz que seria efetuada uma entrada de 30% do contrato (R$ 270 mil). O restante seria pago em quatro parcelas de R$ 135 mil durante a reforma, e um quinto pagamento, de R$ 90 mil, seria feito com o serviço finalizado. O prazo de conclusão estabelecido era de cem dias úteis.

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Não há informações no contrato sobre quais foram as melhorias feitas na casa de Bolsonaro em Angra dos Reis. Em vídeos divulgados pelo ex-presidente e seus apoiadores, é possível notar que, além da pintura de toda a edificação, as janelas de madeira foram substituídas por outras de blindex. Os pisos e portões também foram trocados. Parte de um dos muros foi refeito. Também foi construída uma nova área de churrasqueira.

Em março deste ano, o colunista Lauro Jardim, do Globo, mostrou que a reforma da casa foi acelerada depois que o ex-presidente decidiu finalizar as obras antes de sofrer com uma eventual decisão de bloqueio de bens nos inquéritos em que ele é investigado.

Pago via Pix

Meio escolhido por Bolsonaro para pagar os R$ 900 mil pela reforma, as transferências via Pix na conta do ex-presidente chamaram a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão vinculado ao Banco Central.

Um relatório do Coaf de julho de 2023 mostrou que uma conta bancária do ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões por meio de transações de Pix entre janeiro até aquele mês.

O documento do Coaf, órgão de combate à lavagem de dinheiro, dizia que os valores eram “atípicos” e se referiam “provavelmente” à campanha de arrecadação feita por Bolsonaro para pagar as multas que recebeu durante o seu governo, como a de circular na rua sem máscaras durante a pandemia de Covid-19, e arcar com custos judiciais. Na época que o relatório foi revelado, a defesa do ex-presidente afirmou que o dinheiro tinha origem lícita e que ele seria utilizado para pagar as multas.

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