Mais de 30 prédios de alto padrão estão afundando em Miami, revelam imagens de satélite
Cerca de 35 prédios de luxo estão afundando em Miami. A descoberta foi feita por análise de imagens de satélite. Entre os edifícios que correm perigo estão o Trump Tower III e Trump International Beach. Estudos começaram após o desabamento de um prédio em 2021, que causou a morte de 98 pessoas
Cerca de 35 edifícios localizados na costa entre Miami Beach e Sunny Isles Beach, na Flórida, estão afundando, de acordo com um estudo da Universidade de Ciências Marinhas, Atmosféricas e da Terra da Universidade de Miami, publicado na última sexta-feira (13).
Uma análise dos edifícios, que foram estudados entre 2016 e 2023, indica que o afundamento varia entre dois e oito centímetros. Os efeitos mais significativos foram registrados em Sunny Isles Beach e, em menor medida, na área de Surfside, conforme detalha o relatório.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores utilizaram 223 imagens dos satélites europeus Sentinel-1 e 102 do sensor alemão TerraSAR-X, criando uma série temporal dos deslocamentos na superfície.
A técnica usou como pontos de referência “dispersores de radar persistentes”, que incluem elementos fixos em uma estrutura, como varandas ou unidades de ar-condicionado, que refletem o sinal do radar de volta para a antena do satélite.
A descoberta desses pontos críticos de afundamento na costa sul da Flórida foi “inesperada”, de acordo com Farzaneh Aziz Zanjani, autora principal do estudo e graduada da Escola Rosenstiel. “O estudo enfatiza a necessidade de um monitoramento contínuo e uma compreensão mais profunda das implicações a longo prazo para essas estruturas”, apontou.
Entre os edifícios que fazem parte do estudo estão The Ritz-Carlton Residences, Trump Tower III, Trump International Beach, Faena Hotel, Surf Club Towers e Porsche Design Tower.
Os pesquisadores atribuem grande parte do afundamento registrado ao deslocamento das camadas de areia, relacionado ao peso dos edifícios de grande altura e à atividade de construção. Eles acrescentam que outro fator pode ser o movimento das águas subterrâneas e a deformação da pedra calcária, um componente do subsolo de Miami.
“Embora os resultados nem sempre possam oferecer respostas definitivas, há satélites de maior resolução disponíveis para realizar mais análises”, disse Antonio Nanni, professor de engenharia civil e arquitetônica da Universidade de Miami e coautor do estudo.
A equipe de pesquisadores também analisou os dados disponíveis do complexo Champlain Towers South, em Surfside, cujo colapso em junho de 2021 causou a morte de 98 pessoas. No entanto, de acordo com a análise, neste edifício não foram encontrados sinais de deslocamentos em sua base. O estudo sugere que o acidente pode ter sido causado por uma menor concentração de camadas de areia na região.
Em março, os investigadores federais que estudam as causas do desabamento do complexo Champlain Towers South afirmaram que os principais problemas que estavam sendo analisados entre as possíveis causas eram falhas estruturais na plataforma da piscina — que desabou quatro minutos antes do restante do edifício — e nas colunas que sustentavam a torre.
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