Na cozinha, é comum ver utensílios pretos, como colheres e espátulas, feitos de plástico — mas aqui está um motivo para não usá-los
Anne Silva, Fórum
Um estudo conduzido pela Toxic-Free Future, uma organização de pesquisa independente, em conjunto ao Instituto de Amsterdam pela Vida e o Meio Ambiente, e publicada na revista Chemosphere revelou que utensílios plásticos da cor preta são especialmente preocupantes para a saúde.
Isso porque esses produtos podem conter até 22.800 partes por milhão de retardadores de chama, substâncias químicas usadas em materiais (em especial plásticos, tecidos e eletrônicos) para reduzir sua inflamabilidade e retardar a propagação de chamas em caso de incêndio.
Os retardadores, que podem ser de vários tipos, geralmente liberam compostos fortemente ligados ao risco de câncer, ao desenvolvimento de problemas endócrinos, à neurotoxicidade e a problemas reprodutivos e de desenvolvimento.
Os plásticos pretos costumam ser contaminados com esses produtos e suas substâncias durante o processo de reciclagem do lixo eletrônico, de acordo com o estudo, de autoria principal de Megan Liu, gerente de ciência e política do instituto Toxic-Free Future.
Nos eletrônicos, esses retardadores são mais utilizados; quando são levados a centros de reciclagem, e durante o processo de transformação, eles acabam contaminando o plástico com substâncias retardadoras de alto potencial cancerígeno.
Um desses produtos, o éter decabromodifenílico, encontrado pela pesquisa em altas quantidades em uma bandeja de sushi de plástico preto, pode elevar as chances de câncer em até 300%.
Acompanhe Pragmatismo Político no Instagram, Twitter e no Facebook
Nos EUA, o decaBDE foi banido em 2021 pela Agência de Proteção Ambiental; na União Europeia, há restrições de limite dessa substância, embora amostras revelem que ela é geralmente encontrada em maiores quantidades do que o permitido.
Na cozinha, é comum ver utensílios pretos, como colheres e espátulas, feitos de plástico — diariamente, o uso desses equipamentos pode expor uma pessoa a até 34,7 partes por milhão da substância retardadora; com o tempo, essa exposição tende a se tornar cada vez mais danosa ao organismo.
O plástico preto foi associado às condições da pesquisa porque só objetos dessa cor foram testados, informa a pesquisadora principal, Liu. Não se pode determinar, portanto, se outras cores também são afetadas.
Em outros países — a pesquisa de Liu foi realizada na Alemanha —, as amostras de plástico preto também indicaram a presença de substâncias tóxicas, e mais: os retardadores podem passar dos utensílios de cozinha para os alimentos e para a saliva.
→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… Saiba que o Pragmatismo não tem investidores e não está entre os veículos que recebem publicidade estatal do governo. Fazer jornalismo custa caro. Com apenas R$ 1 REAL você nos ajuda a pagar nossos profissionais e a estrutura. Seu apoio é muito importante e fortalece a mídia independente. Doe através da chave-pix: pragmatismopolitico@gmail.com