Governo diz que ataque a tiros contra ônibus de Lula não será investigado pela PF
Ministério da Segurança Pública classificou o atentado a tiros contra o ônibus de Lula como “inaceitável”, mas afirma que a Polícia Federal não investigará o caso
Joelma Pereira, Congresso em Foco
A caravana do ex-presidente Lula (PT) sofreu um novo ataque, dessa vez no interior do Paraná. Dois dos três ônibus da caravana foram atingidos por quatro tiros na noite de ontem (terça-feira, 28). Um dos veículo atingido era ocupado por jornalistas brasileiros e do exterior. Neste, dois tiros perfuraram a lataria, na lateral do ônibus, e um terceiro atingiu de raspão um dos vidros.
O ônibus também teve dois pneus furados por ganchos de metal que foram deixados na estrada. O outro veículo atingido levava convidados. Esse era o segundo do comboio, na frente do ônibus que levava os jornalistas. O ex-presidente não estava no comboio. Apesar do susto, ninguém se machucou. Desde que a caravana começou no Rio Grande do Sul, o grupo é alvo de protestos e ataques.
Por meio de sua rede social no twitter, Lula disse a caravana estava sendo “perseguida por grupos fascistas”. “Já atiraram ovos, pedras. Hoje deram até um tiro no ônibus”. No Facebook do petista, uma postagem reclama da caravana não ter escolta policial.
“A caravana do ex-presidente Lula pelo Sul do país acaba de ser alvejada por ao menos três tiros enquanto percorria – sem escolta policial – o trecho entre as cidades de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul. Dois ônibus foram atingidos, ninguém foi ferido. O Paraná foi o único estado da federação de todos os percorridos pela caravana a não fornecer uma escolta policial para a comitiva dos ônibus”, diz o texto.
Crime não será investigado pela PF
Ainda ontem, após saber do ocorrido, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, classificou o ocorrido como “inaceitável”. “É absolutamente inaceitável que aconteça, parta de quem partir. Isso não é convivência democrática. Isso não pode acontecer, e se acontecer é preciso identificar os responsáveis porque não pode se repetir dentro do regime democrático”, ressaltou.
De acordo com o ministro, a Polícia Federal não irá investigar o caso porque o crime não foi federal. “Caberá à investigação estabelecer se foi ou não [um atentado político]”, ponderou.
Extremistas e fascistas
Primeiro a informa a notícia no plenário da Câmara, o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) ressaltou solidariedade e ponderou que a situação pode piorar. “Ninguém vai ficar parado — e não estou dizendo que sou eu que vou fazer isso — sem reagir. Assim, o nosso País vai piorar, a democracia vai ficar em risco. Parem, com isso! Permitam o debate livre das ideias! Não é possível que o nosso país termine resolvendo as coisas à bala, no meio da rua, quando temos um paciente pacífico de debates”, pediu.
Ainda ontem, parlamentares petistas também se pronunciaram. O deputado Henrique Fontana (PT-RS) chamou os casos de violência contra a caravana como “extremistas e fascistas”. “A escalada de violência e ódio que alguns grupos extremistas e fascistas estão fazendo contra a caravana democraticamente organizada do presidente Lula chegou ao limite do que nós estávamos denunciando. Há poucos minutos, um dos ônibus da caravana foi atingido por um tiro no Estado do Paraná”, disse na noite de ontem.
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