"Me faziam ficar pelado e pegar pilha com o ânus", diz medalhista olímpico
"Me faziam ficar pelado e pegar pilha melada com pasta de dente com o ânus. Neste dia, eu tive um ataque epilético [...]". Diego Hypólito revela abusos sofridos na ginástica e conta que carrega traumas das experiências
O medalhista olímpico Diego Hypólito revelou, nesta semana, que os abusos que sofreu durante os treinamentos em seu meio esportivo lhe marcaram a vida.
O ginasta de 31 anos foi vítima de bullying de cunho sexual na infância quando treinava no Flamengo, no Rio de Janeiro.
“Eles me faziam ficar pelado e pegar com o ânus uma pilha, colocando uma pasta de dente em cima. E, neste dia, quando aconteceu isso, eu tive ataque epilético e, depois, por ter tido o ataque epilético, eu não consegui fazer a prova toda”, contou Diego.
Outro bullying pesado revelado por Diego foi quando o colocaram dentro de caixas de plinto, com a intenção de sufocá-lo, inclusive jogando magnésio dentro.
“Hoje eu tenho problema pra entrar em avião, que é fechado, elevador, que é fechado. Não consigo entrar em túnel, que eu tenho medo. São todos reflexos do que eu vivi quando eu era criança”, revelou o atleta.
Segundo Hypólito, o bullying ocorria “regularmente” e o episódio citado pelo atleta na entrevista ocorreu quando ele tinha entre 10 e 11 anos.
A revelação de Diego Hypólito aconteceu um dia após o programa Fantástico exibir uma reportagem com acusações de mais de 40 ginastas que afirmaram ter sido abusados sexualmente pelo técnico Fernando de Carvalho Lopes.
As denúncias de assédio sexual e os relatos de Hypolito abalaram a modalidade. O Ministério Público de São Paulo está investigando as acusações de abuso contra Lopes, que foi afastado do clube Mesc, em São Bernardo do Campo, no qual trabalhava há mais de 20 anos.
A Confederação Brasileira de Ginástica se pronunciou oficialmente nesta quarta-feira, dizendo que “adotará providências urgentes, em consonância com orientações do Ministério Público do Trabalho”.
Diego Hypólito
Diego Hypólito conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Ele é um dos maiores nomes da ginástica masculina brasileira, com inúmeras medalhas de ouro em Mundiais, Copas do Mundo e Jogos Pan-Americanos.