Redação Pragmatismo
Racismo não 11/Mai/2018 às 17:30 COMENTÁRIOS
Racismo não

Homem que atacou fotógrafa negra será indiciado por racismo e injúria

Publicado em 11 Mai, 2018 às 17h30

Homem que confessou ser o autor dos áudios racistas enviados à fotógrafa Mirian Rosa tentou relativizar seus atos, afirmando que agiu "para se defender". Apesar da gravidade das ofensas, ele diz que não se considera racista

Racismo fotógrafa Mirian Rosa
Rafael André Janini (esq) foi identificado como o autor dos ataques racistas contra a fotógrafa Mirian Rosa (dir)

A Polícia Civil de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, interrogou o responsável pelos áudios racistas direcionados à fotógrafa Mirian Rosa. O agressor se chama Rafael André Janini.

Segundo o delegado Cláudio Álvarez, o rapaz alegou que mandou os áudios em legítima defesa, após ter supostamente discutido com a vítima.

“Ele confessou os fatos, até porque, diante dos áudios e da voz do suspeito, seria difícil negar. Em sua defesa, ele alega que havia discutido com a vítima em um momento anterior e que havia mandado os áudios em um grupo do WhatsApp para se defender”, disse.

Rafael afirmou ainda que estava de “cabeça quente” quando enviou os áudios e negou ser racista. “Ele declara-se negro e, por isso, afirma que não é racista”, disse o delegado.

Um inquérito foi instaurado contra Rafael André pelos crimes de injúria racial e racismo e ele responderá em liberdade.

Áudios racistas

Mirian Rosa, 32, registrou um Boletim de Ocorrência no último dia 2 de maior depois de receber áudios de cunho racista via WhatsApp.

Nas mensagens, a fotógrafa é chamada de ‘mucama’, ‘saco de lixo’, ‘crioula maldita’ entre outros xingamentos. “Desde quando preto é gente? Vou falar uma melhor: quem é você na fila do açougue? Eu vou responder para você: pobre não come carne. Então, nem na fila do açougue você entra, crioula maldita”, diz Rafael em um dos áudios.

Em seguida, outros áudios do homem foram encaminhados. Neles, ele chama a fotógrafa de escrava e pergunta qual o preço dela no mercado.

“Quero saber se você tem dono ou não. Fui no mercado de escravo no Porto e não vi nenhuma escrava no seu valor. Quero comprar uma escrava, mucama, cozinheira, faxineira ou algo assim para minha casa. Quero ver a crioulada trabalhar para mim”, afirma.

“Pode dar tiro em crioulo, tacar fogo ele não sente nada. A única coisa que crioulo sente é ele no tronco e o chicote nas costas”.

Num dos últimos áudios, o homem ironicamente convida Mirian para um churrasco. “É o seguinte: vou queimar uma carne lá em casa. Preciso de você, como a matéria: o carvão e o saco de lixo para recolher o que restar”, diz.

Quando o caso veio à tona, Rafael chegou a negar a autoria dos ataques e disse que iria solicitar perícia dos áudios para provar a inocência.

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