Redação Pragmatismo
Racismo não 03/Jul/2018 às 19:55 COMENTÁRIOS
Racismo não

Esposa de youtuber acusado de racismo já se fantasiou de escrava

Publicado em 03 Jul, 2018 às 19h55

Esposa de youtuber acusado de racismo já provocou indignação com roupa "em homenagem a escravos". Marcas anunciaram rompimento com o jovem após pedidos de boicote. Na contramão das críticas, humorista saiu em defesa de Cocielo

Tata Estaniecki Cocielo
Tata Estaniecki e Júlio Cocielo

Esposa do youtuber brasileiro apontado como racista, Tata Estaniecki também já provocou acusações de racismo em fevereiro deste ano.

Ao escolher sua fantasia para o ‘Baile da Vogue 2018’, em São Paulo, a blogueira usou um adereço que lembrava um instrumento usado para torturar negros escravizados (imagem abaixo). Os seguidores de Tata estranharam a vestimenta e a questionaram sobre seu significado.

A blogueira respondeu a uma usuária do Instagram dizendo que foi uma forma de “homenagem aos escravos”. Embora a foto tenha sido deletada da rede social, prints do comentário circularam no Twitter.

Nas redes sociais, internautas afirmaram que a escolha da blogueira foi racista. Ela estaria homenageando uma forma de tortura — o adorno lembrava a Máscara de Flandres.

O tema oficial da festa foi “Divino, Maravilhoso”, com fantasias em homenagem ao Brasil. Todo o conteúdo da festa foi apagado do perfil de Tata no Instagram.

Tata Estaniecki racista
Foto de Tata Estaniecki que foi excluída do seu Instagram

Júlio Cocielo

Tata Estaniecki é casada com Júlio Cocielo. O jovem de 25 anos está sendo acusado de racismo desde que fez um comentário sobre Mbappé, jogador negro da seleção de futebol da França.

Em mensagens antigas, internautas descobriram que Cocielo já chegou a sugerir o “extermínio de negros”. Patrocinadores do youtuber já anunciaram rompimento de contrato (veja aqui).

Os atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, pais de uma criança negra, pediram boicote ao humorista. “Você tem noção do que são 11 milhões e 200 mil pessoas? Eu ajudo. É a população inteira da Bélgica. É um milhão a mais do que a população de Portugal. São 143 Maracanãs lotados. São todas as pessoas que ainda estão apoiando diretamente um influencer assumidamente racista. Temos que cobrar posicionamento das marcas que o patrocinam, é claro. Mas são os outros famosos que ainda o seguem e, principalmente, as pessoas comuns, anônimas, que verdadeiramente me preocupam. Apoiar uma pessoa racista é ser conivente, sim“, afirmou Bruno.

O ator pediu para que as pessoas parassem de segui-lo nas redes sociais. “Preconceito não se combate sozinho. Vamos precisar de todo mundo. A mensagem precisa ser clara e direta. Num mundo digital em que seguidor significa dinheiro e carreira, a gente precisa entender a importância do boicote. Principal instrumento de revolução de Martin Luther King Jr, nos anos 60, nos Estados Unidos da segregação racial, durante o Movimento dos Direitos Civis. As marcas só chegam até essas pessoas porque elas têm audiência, visibilidade, constroem um público que interessa para as empresas atingir. A responsabilidade é de todos. Precisamos, é claro, cobrar as marcas mas também precisamos chamar atenção dos outros famosos que seguem/dão like/fazem parceria com essas pessoas racistas, machistas, LGBTfóbicas e gordofóbicas. É obrigação de todos nós constranger e vigiar nosso círculo social“, explicou.

Educação antirracista não é somente pra criança, racismo não tem idade. A hora de aprender e ensinar é agora. Vão lá no perfil (que eu me recuso a marcar aqui), vejam quem dos seus amigos e influenciadores favoritos seguem a pessoa e puxem a orelha de todo mundo. Na internet, seguidor é visibilidade e dinheiro. Não basta só cobrarmos as marcas, até porque daqui a pouco aparecem outras empresas com memória curta. A forma de colocar no ostracismo e minar a popularidade é fazendo quem que essas pessoas percam seu público, a grande propulsora do trabalho delas. Não é um caso isolado. Não foi o primeiro, não será o último. A gente precisa atuar com quem realmente movimenta essa máquina: a audiência. Racismo é um problema de todos nós“, finalizou.

Apesar da polêmica, teve quem se mantivesse ao lado do youtuber. O humorista Rafinha Bastos saiu em defesa do amigo e disse que ele não merecia esse tipo de tratamento: “O Cocielo é um dos caras mais legais e humildes com quem já convivi. Tem um coração gigante e é admirado por todos, repito, todos os influenciadores que conheço. Perseguir o cara por causa de um erro (ele já se desculpou), é um equívoco imenso. Esse não merece mesmo”.

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