Jornal tradicional chama mulheres russas de "putas"
As mulheres russas já foram vítimas de assédio sexual de estrangeiros durante a Copa, sofrem com o machismo dos próprios russos e agora são chamadas de "putas" por um tradicional jornal
Depois de serem consideradas culpadas pelos próprios homens russos por conta dos assédios que estão sofrendo de estrangeiros, as mulheres russas foram chamadas de “putas” por um colunista de um tradicional jornal do país.
O texto é do jornalista Platon Besedin para o Moskovskiy Komsomolets e foi publicado no último dia 27. O título é “A hora das putas: as russas se envergonham e envergonham o país na Copa”, em que Besedin acusa as mulheres de se venderem.
No artigo, o autor afirma que a Copa do Mundo tem sido importante politicamente para quebrar estereótipos da Rússia, mas um deles tem sido reforçado. Justamente o das mulheres que se vendem. Elas seriam consideradas ovelhas negras que contaminam o rebanho.
Platon Besedin lembra o escândalo provocado por uma famosa rede de fast-food que fez um post nas redes sociais oferecendo às russas R$ 180 mil e um número ilimitado de sanduíches às mulheres que ficarem grávidas dos jogadores da Copa. Ele afirma que o post gerou repercussão e foi apagado, mas reflete o verdadeiro comportamento das mulheres do país, que querem apenas arranjar um casamento com um estrangeiro.
Por fim, afirma que tudo é culpa do sistema de valores em que essa geração tem sido criada e que o problema é a tentativa de querer imitar o Ocidente em tudo.
O artigo se espalhou pelas redes sociais e teve quase meio milhão de visualizações. Ele gerou a revolta de milhares de mulheres que denunciaram o autor por machismo e o preconceito. Um grupo escreveu uma petição exigindo um pedido de desculpas à publicação e reforçando que mulheres são livres para terem o comportamento sexual que quiserem.
Confira trechos do artigo:
“Nas cidades onde têm a Copa do Mundo, muitas russas se comportam como prostitutas na frente dos estrangeiros. As mais espertas colocaram anúncios nos sites de relacionamento. Claro que muitas mulheres procuram estrangeiros por dinheiro, outras procuram o casamento. Mas tem mulheres que estão prontas para dormir com estrangeiros de forma gratuita só porque são estrangeiros. Podemos dizer que dá vergonha. Muitas mulheres nem conhecem o sentimento de vergonha. Muitas mulheres que correm atrás dos estrangeiros não têm vergonha, moral e valores. Nós criamos uma geração de putas prontas para abrir as pernas ao escutar algum sinal de idioma estrangeiro”
[…]
“Hoje em dia, esse comportamento é cultivado e se vender não é vergonha. Vergonha é trabalhar como enfermeira simples no hospital e ganhar 9 mil rublos. As redes sociais têm muitos vídeos onde meninas jovens e não tão jovens se comportam como prostitutas com responsabilidade social baixa. O caso menos grave é o de um torcedor brasileiro que paga a uma menina num clube da cidade de Rostov por 5 minutos de esfrega-esfrega. Ou por exemplo aquele dos torcedores poloneses fazendo sexo oral em uma menina russa numa banca no centro da cidade, enquanto as pessoas que estão passando gritam ‘que nojento’ e outros riam. O mais horroroso nesse vídeo é o fato que a russa também está bebendo Coca-Cola e vodca”.
“Você vai dizer que existem alternativas. Eu tenho certeza que sim. Mas quem vai nos mostrar esses caminhos? Precisamos não apenas para a Copa, mas em geral. As putas estão em todos os lugares como baratas mortas que só consomem, comem e cagam. Pensando apenas em suas necessidades. O teto, o ponto mais alto dos sonhos dessas mulheres, é ter um apartamento em seu nome e todas as contas pagas por um homem branco e nobre “.