Analistas preveem nova polarização PT x PSDB nas eleições de 2018
Os outsiders estão mortos? Faltando menos de sessenta dias para as eleições de 2018, análises apontam tudo para o mais do mesmo. A lógica conduz a isso, mas não seria novidade a política desafiar a ciência no Brasil
Ricardo Cappelli, Congresso em Foco
Dez entre dez dos principias cientistas políticos e analistas afirmam categoricamente que, ao final, teremos mais do mesmo: um segundo turno entre PT e PSDB. Será?
Possuem bons motivos para isso. Alckmin construiu a maior aliança, terá um tempo de TV monumental. O PT isolou Ciro, um concorrente direto, anulou o PSB e conseguiu atrair o PCdoB, o PROS e o PCO. Fez seu jogo com competência.
Os dois partidos possuem governadores, prefeitos, um grande número de deputados federais, estaduais e vereadores. O ex-presidente lidera com folga as pesquisas.
O cientista político Alberto Carlos Almeida escreveu um livro e levantou dados internacionais, tudo para dar lastro científico à teoria do Fla-Flu nacional. Marcos Coimbra, do Vox Populi, afirma há algum tempo que não existe qualquer hipótese do candidato do PT não estar no segundo turno, até com certo favoritismo.
Renato Meirelles, do Instituto de Pesquisa Locomotiva, é um pouco mais cauteloso. Afirma que a disputa será entre um candidato do campo “vermelho” e um do campo “azul”. Alckmin contra Bolsonaro seria impossível, por exemplo.
O cientista social e filósofo Marcos Nobre segue o mesmo caminho. Segundo ele, outsiders como Marina tentam o impossível, “ganhar sem entrar no jogo”.
Algumas premissas sustentam estas afirmações:
1 – A FORÇA DE LULA – pesquisas indicam que o ex-presidente possui grande capacidade de transferência. Seria natural seu candidato alcançar 20%. Se Lula for impedido de aparecer na TV, como as pessoas saberão quem é seu nome? Haddad terá que atrair o lulista, situado na base da pirâmide social, com baixa escolaridade e principalmente nordestino.
2 – ALCKMIN SERÁ CATAPULTADO PELA FORÇA REUNIDA – o condomínio político reunido pelo paulista impressiona. Ficam algumas dúvidas. Quem fará sua campanha? Os partidos do Centrão no nordeste vão carregá-lo? ACM Neto – que recuou da candidatura ao governo da Bahia com medo do PT – vai quebrar lanças por ele? Eduardo Paes vai carregar o picolé de chuchu no Rio? Seu discurso monótono terá que convencer os eleitores.
3 – A TV É DECISIVA – Pesquisas indicam que a principal fonte de informação para definição do voto continua a ser a televisão. No país onde existem mais telefones celulares do que pessoas, a internet terá relevância?
4 – BOLSONARO VAI DERRETER – há meses este mantra é repetido. A exposição deporia contra o próprio, frágil e incapaz. O capitão deitou e rolou no Roda Viva e na GloboNews. Na Band, se não ganhou, também não perdeu. Vai sumir por ter pouco tempo na TV? Seu eleitor parece estar encapsulado. Pode recuar relativamente e acabar ultrapassado, é pouco provável que perca o que já conquistou.
5 – MARINA VAI DESIDRATAR – a candidata da Rede apresenta um programa “ambiental-liberal” para a economia e conservador nas questões comportamentais. Em 2010, com este mesmo discurso, no PV, alcançou 19% dos votos. Em 2014, no PSB após a trágica morte de Eduardo Campos, chegou a 21%. Se repetir seus números históricos estará no segundo turno. A Globo continua flertando com ela.
6 – CIRO ISOLADO ESTÁ MORTO – O pedetista está numa situação muito difícil. Conseguiu atrair intelectuais nacionalistas para sua candidatura. Com sotaque nordestino, tentará atrair votos de Lulistas. Mira também parcela dos eleitores de centro. Está como Marina e Bolsonaro. A realidade lhe vestiu de outsider
Faltando menos de sessenta dias para o pleito, os especialistas apostam tudo no mais do mesmo. A lógica conduz a isso, mas não seria novidade a política desafiar a ciência no Brasil.
Os outsiders estão mortos? A hora do povo decidir está chegando.
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