Como foi o 1º debate entre candidatos ao governo de São Paulo
No debate da Band entre os candidatos ao governo do estado de São Paulo, na noite de ontem (16), a temperatura foi mais alta do que no encontro entre os presidenciáveis na semana passada
RBA
No debate da Band entre os candidatos ao governo do estado de São Paulo, na noite de ontem (16), a temperatura foi mais alta do que no encontro entre os postulantes à presidência da República na semana passada. Participaram os candidatos Márcio França (PSB), atual governador paulista, Luiz Marinho (PT), João Doria (PSDB), Paulo Skaf (MDB), Rodrigo Tavares (PRTB), Marcelo Candido (PDT) e Lisete Arelaro (Psol).
Partiram do petista os primeiros questionamentos mais contundentes ao ex-prefeito de São Paulo, que abandonou o cargo para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. “Como é tradição do PSDB, o senhor largou a cidade, como (José) Serra. Como explica sua péssima avaliação nas pesquisas, apesar de ficar tão pouco tempo (como prefeito). Isso se deve seu apoio ao Temer?” Doria fugiu à questão usando o esperado recurso de atacar Marinho sobre corrupção do PT.
Ao comentar o tema segurança pública, Doria assegurou que a primeira tarefa é a valorizar os policiais e introduzir o “padrão Rota” no estado. “Todos sabem que com a Rota não se brinca“, afirmou, em tom de ameaça. Usou o termo “polícia na rua e bandido na cadeia” como conceito de seu eventual governo, fazendo lembrar Paulo Maluf.
Doria resolveu cutucar o atual governador de São Paulo, que teria mudado de opinião sobre o inusitado tema de proibição ou não à caça de javalis no estado, e levou o troco. “Quem muda de ideia é você“, respondeu França. “Prometeu 43 vezes que cumpriria o mandato e seria o melhor prefeito de São Paulo. Eu não traio meus amigos, não mudo minhas posições e não traio o povo.”
Luiz Marinho também bateu na tecla de que o tucano não cumpriu a promessa de governar a cidade de São Paulo até o fim do mandato.
Os ataques ao petista sobre corrupção do PT partiram também do obscuro candidato Rodrigo Tavares, representante da candidatura de Jair Bolsonaro em São Paulo. O petista retrucou: “Mais parece liderança de facção do que liderança política. Falar de Boslonaro como liderança para o Brasil, faça-me favor“.
O ex-prefeito de São Bernardo do Campo lembrou que o líder das pesquisas para presidente da República em São Paulo “chama-se Luiz Inácio Lula da Silva“. Complementou dizendo que Lula na Presidência seria fundamental como aliado de seu governo no estado.
Ao responder as recorrentes acusações de Doria contra Lula e o PT, Marinho partiu para o ataque, chamando o tucano a explicar as contas na Suíça associadas a vários integrantes do PSDB e “as malas de dinheiro do Aécio, presidente do seu partido“.
Foi uma alusão a imagens divulgadas pela imprensa “das quantias de dinheiro que chegaram às mãos de Frederico Pacheco, Rodrigo Rocha Loures e Roberta Funaro, emissários do senador Aécio Neves (PSDB-MG), do presidente Michel Temer (PMDB) e do doleiro Lúcio Bolonha Funaro“, segundo matéria da revista Época de agosto de 2017.
O embate entre Doria e Marinho se deu também na questão da saúde. O candidato do PSDB acusou a gestão do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, no primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2104), de ter deixado farmácias sem medicamentos no país. Defendendo sua própria gestão como prefeito de São Paulo, o tucano respondeu que o projeto Corujão “zerou” a fila no atendimento na cidade, deixada por Fernando Haddad, segundo ele.
“O que João Doria fez em São Paulo foi o desmonte das politicas sociais“, respondeu Marinho. “O candidato fala tanto do Corujão, mas não falou que o Tribunal de Contas do Município disse que a fila não diminuiu. O que Doria fez foi uma peça de publicidade, uma prática conhecida do PSDB.”
Ainda retrucando os ataques a Lula e ao PT, o candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes afirmou: “tenho a honra de ser amigo de Lula e sei como gerar emprego em São Paulo. Vamos gerar emprego no estado porque já fizemos isso no Brasil.”
Sobre a questão do emprego, Lisete Arelaro lembrou que a Emenda Constitucional 95, que cortou investimentos em politicas sociais, sobretudo educação, saúde e segurança, por 20 anos, e a reforma trabalhista, é o fator que causa o “imenso desemprego” no país. A candidata do Psol defendeu que São Paulo “precisa revigorar a industrialização“.
O pedetista Marcelo Candido também não perdeu a oportunidade de atacar Doria, lembrando que “as crianças em São Paulo (na gestão tucana na cidade) perderam o direto de receber alimentação” e que lhes foi oferecida “ração humana” nas escolas. Doria se limitou a responder que Candido estava “mal informado“.
Com participação discreta e defensiva, Paulo Skaf, que apoiou o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, afirmou que “é preciso acreditar na democracia“.
Igualmente discreto, Márcio França também não deixou de alfinetar o emedebista Skaf. Lembrou que o MDB “é o partido do presidente Temer“, mencionou as “malas do Geddel“, um dos principais aliados do presidente da República, e perguntou: “Temer é um homem honrado, merece nossa confiança?” Skaf desconversou: “Nunca tive padrinhos. Estou aqui como presidente do SESI/Senai, que fazem uma revolução na formação profissional. Outras histórias não fazem parte da minha história (sic)“.
Por sua vez, acusado por França de fechar unidades de saúde como prefeito de São Paulo, Doria respondeu que “o objetivo sempre foi melhorar, não fechar nem suprimir“. Segundo França, “o fechamento de unidades de saúde não foi uma boa ideia“.
Márcio França, que assumiu o governo paulista para o tucano Geraldo Alckmin se candidatar à presidência, passou boa parte do debate se defendendo das gestões da saúde e dos transportes no estado. “São Paulo transporta muita gente e não é fácil“, disse, sobre problemas na CPTM e atrasos em obras do metrô. Ele usou o mesmo recurso para justificar os problemas no sistema de saúde, dizendo que o número de internações no estado é muito grande.
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