Redação Pragmatismo
Eleições 2018 20/Set/2018 às 14:02 COMENTÁRIOS
Eleições 2018

Bolsonaro descarta volta da CPMF, mas não nega aumentar imposto dos pobres

Publicado em 20 Set, 2018 às 14h02

Depois da grande repercussão na imprensa, Jair Bolsonaro se manifesta para desmentir seu mentor econômico Paulo Guedes sobre o retorno da CPMF. No entanto, candidato não negou aumento de imposto para os mais pobres

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Proposta de Bolsonaro que aumenta imposto dos mais pobres é chamada de “fascista”

O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) desmentiu seu provável ministro da Fazenda caso eleito, Paulo Guedes, e negou na noite de ontem (19) que pretenda criar um imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

No entanto, Bolsonaro não disse nada sobre a proposta de aumentar a alíquota do Imposto de Renda (IR) para os mais pobres e reduzir a alíquota dos que ganham mais, criando uma taxa única de 20% para todas as pessoas físicas ou jurídicas.

Na prática, um trabalhador que hoje recebe um salário mínimo, atualmente em R$ 954, teria de recolher R$ 190,80 para o governo federal.

“Nossa equipe econômica trabalha para redução de carga tributária, desburocratização e desregulamentações. Chega de impostos é o nosso lema! Somos e faremos diferente. Esse é o Brasil que queremos”, escreveu o candidato.

“Ignorem essas notícias mal intencionadas dizendo que pretendermos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico, pois estão em pânico com nossa chance de vitória. Ninguém aguenta mais impostos, temos consciência disso. Boa noite a todos”, completou.

Guedes apresentou a proposta em encontro de empresários organizado pela GPS Investimentos, especialista em gestão de grandes fortunas. As informações são da coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.

Considerando o sistema atual, seriam extintas as alíquotas de 7,5% e 15% aplicadas a quem ganha até R$ 3.751,05. Todos passariam a ter 20% de seus salários brutos descontados mensalmente.

Da mesma forma, quem ganha salários maiores – e que tem descontado até 27,5% a título de imposto de renda – teria a alíquota do imposto reduzida para 20%.

As empresas teriam a mesma alíquota. Além disso, seria eliminada a contribuição patronal para a Previdência Social, aplicada sobre a folha de salarial, e que atualmente tem a mesma alíquota de 20%.

Para o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, a proposta vai prejudicar a população de baixa renda em benefício dos mais ricos.

“É totalmente injusto. Ela devia ser maior para quem ganha mais. A sociedade não tem o mesmo padrão de renda, cobrar a mesma alíquota é penalizar os mais pobres”, afirmou.

Os demais candidatos criticaram as propostas do economista de Bolsonaro. Cumprindo agenda nessa quarta-feira em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, o candidato do PT, Fernando Haddad, considerou desastrosa a proposta de unificar a tarifa de imposto de renda em 20%.

“É um pequeno desastre. Um desastre porque vai fazer pobre, que já paga mais imposto que o rico, pagar ainda mais. Como se pobre tivesse dinheiro para pagar mais imposto do que já paga”, disse. O petista afirmou que, se eleito, não pretende recriar a CPMF.

Ciro Gomes, candidato do PDT, chamou a proposta de “fascista”. E defendeu uma reforma tributária que torne o sistema brasileiro progressivo, cobrando menos de quem pode pagar menos e mais de quem pode pagar mais.

“O que o ‘posto Ipiranga’ do Bolsonaro está propondo é o inverso: propõe pegar as pessoas que pagam hoje 7,5% ou 10% de IR e passar a pagar 20%. E as pessoas que ganham mais, e deveriam pagar um pouco mais, e só pagam 27,5%, pagar 20%. Ou seja, está fazendo o oposto, que é a cara do fascismo”, afirmou, em evento com sindicalistas.

Nas redes sociais, o candidato tucano, Geraldo Alckmin, insinuou que o candidato do PSL esconde um “pacote de maldades” contra a população.

“A proposta de Bolsonaro e Paulo Guedes é atrasada e cruel. Além da absurda volta da CPMF, querem fazer quem ganha menos pagar mais imposto de renda. O candidato está infeliz porque seu pacote de maldades foi revelado. O que mais será que ele esconde?”, questionou.

RBA

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