Fora! Caso Chevron é lição para bajuladores dos EUA e do 'deus mercado'
Por enquanto, a Chevron foi condenada a pagar R$ 50 milhões e poderá ter que desembolsar mais R$ 100 milhões para a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Para a Chevron, como dizem os americanos, isso é “peanuts”. Até porque as multas seriam pagas com a venda do próprio petróleo extraído no Brasil, que só no primeiro semestre desse ano rendeu US$ 802 milhões á empresa norte-americana.
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A Chevron editou imagens de vídeo do vazamento enviadas à ANP para fazer parecer que o acidente não era tão grave e que estava sob controle. Como observou a diretora da agência reguladora, Madga Chambriard, a empresa atuou em completa violação ao contrato de concessão e à própria legislação brasileira. Disse ainda a diretora da ANP que o tratamento que a empresa deu à agência reguladora e ao governo brasileiro foi “inaceitável”. “Nós tivemos que ir a bordo da plataforma para procurar as imagens originais”, contou.
Ora, a tentativa de ludibriar as autoridades brasileiras já seria mais do que suficiente para uma punição exemplar. Não bastasse isso, o acidente se revela a cada dia um ato de desleixo e ganância da Chevron. Os geólogos da empresa queriam perfurar mais poços para entender melhor a dinâmica do campo e dos reservatórios, mas o presidente da empresa para América Latina e África, Ali Moshiri, foi contrário à operação mais lenta e custosa, ordenando uma exploração mais rápida e econômica. Deu no que deu.
O mercado é pródigo em perdoar as faltas de seus próprios agentes, mas um governo soberano não pode agir da mesma maneira. Mesmo no capitalismo mais selvagem, as regras do jogo têm limites. Quando o norte-americano Bernard Madoff deu o cano em Wall Street, foi a julgamento e condenado a 150 anos de prisão por um tribunal de Nova York. A Chevron também tentou um trambique e foi flagrada a tempo. Depois que a Polícia Federal entrou na história, a empresa reconheceu que a culpa do vazamento era inteiramente sua, por ter “subestimado” a pressão do reservatório.
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Nota do editor. O artigo acima foi escrito antes da decisão da diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de suspender as atividades da Chevron na perfuração no Campo de Frade, na Bacia de Campos.
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