Redação Pragmatismo
Direita 05/Dez/2018 às 18:46 COMENTÁRIOS
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Filho de Bolsonaro segue os passos do herdeiro de Muamar Kadafi

Publicado em 05 Dez, 2018 às 18h46

“Papai mandou”. Quando o Brasil pariu Bolsonaro presidente, não estava combinado que seus filhos atuariam como príncipes herdeiros, ocupando espaço no governo de maneira velada para não dar na cara o nepotismo.

Eduardo  Filho de Bolsonaro herdeiro Muamar Kadafi
Eduardo Bolsonaro (Imagem: Paola de Orte/Agência Brasil)

Kiko Nogueira, DCM

Quando o Brasil pariu Bolsonaro presidente, não estava combinado que seus filhos atuariam como príncipes herdeiros, ocupando espaço no governo — extra oficialmente — para não dar na cara o nepotismo.

A cena não é nada diferente do que se viu com as crias dos ditadores africanos e dos sultões do mundo árabe.

Não há nada no currículo de Eduardo Bolsonaro, a não ser o parentesco, que justifique seu papel em Washington.

Seus convescotes com membros do governo e do Congresso americanos foram, segundo ele mesmo, uma tentativa de “abrir o canal e resgatar a credibilidade do Brasil”.

Resta para Ernesto Araújo, o chanceler nomeado por Jair, escrever artigos doidivanas denunciando o “marxismo cultural e explicando como o chefe o mandou limpar o Itamaraty da “ideologia do PT”.

Agindo como um menino deslumbrado na Disney, Eduardo esteve em diversos eventos que não foram abertos à imprensa.

Divulgava tudo em seu Twitter e no do “assessor para assuntos internacionais” do PSL, Filipe Martins.

A empresários e investidores, apresentou suas credenciais: “o cara que está com o presidente durante os churrascos”.

Conversou com Jared Kushner, genro e conselheiro de Trump, judeu ortodoxo instrumental na decisão dos EUA de mudar a embaixada em Israel de Telaviv para Jerusalém, contrariando resolução da ONU.

Questionado sobre os planos do Brasil para isso, Eduardo foi enfático: “A questão não é perguntar se vai. A questão é perguntar quando será”. Missão dada é missão cumprida.

Essa bravata, quando ventilada por Jair Bolsonaro recentemente, já tinha resultado numa retaliação do Egito, que cancelou visita de uma delegação diplomática com Aloysio. Houve protesto de países árabes.

Mas o que importam acordos comerciais e riscos para a segurança nacional para Eduardo e seu bonezinho que ganhou dos primos ricos?

Eduardo guarda semelhança — inclusive física — com Saif al-Islam Kadafi, segundo filho do ditador líbio Muamar Kadafi, assassinado em 2011 após 42 anos no trono.

Mais velho que Eduardo, com uma formação acadêmica sólida, Saif ficou amicíssimo de Jörg Haider, milionário líder da ultradireita austríaca, quando cursava Administração e Direção de Empresas em Viena.

Eduardo é bróder de Steve Bannon, o estrategista de Trump, cabeça de uma fundação para partidos nacionalistas protofascistas chamada O Movimento.

Saif também não ocupava nenhum cargo oficial no primeiro escalão, mas era o homem de confiança de Kadafi nas relações internacionais.

Tocou os acordos de indenização às famílias das vítimas do atentado de Lockerbie de 1988 e do atentado ao DC-10 da companhia UTA, de 1989.

Bem apessoado, poliglota, foi recebido no Palácio de Buckingham e se dizia amigo pessoal de Tony Blair. Tido como um primeiro ministro de facto, era odiado pelos colaboradores diretos de Kadafi.

Caiu em desgraça junto com o pai. Capturado pela milícia Zintan após o fim da guerra civil líbia, foi condenado à morte em 28 de julho de 2015 por crimes contra a humanidade.

Em 2017, foi libertado e anistiado. Anunciou em março que se candidataria a presidente da Líbia. Não deu em nada. Ainda tem contra si um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional.

Assim é a vida desses garotos mimados. Uma hora a conta chega para o papai e para eles.

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