Carrefour muda versão sobre cachorro espancado e enforcado em unidade
Funcionários contestam versão inicial e Carrefour apresenta outra história para justificar morte de cachorro. Denúncias e imagens se espalharam nas redes sociais
A morte de um cachorro na unidade do Carrefour de Osasco, na Grande São Paulo, gerou uma série de protestos e uma investigação foi aberta para apurar o caso.
De acordo com as primeiras denúncias, o animal teria sido espancado e morto por um segurança do local na última quarta-feira (28).
A denúncia feita nas redes sociais mostra imagens do animal com as patas traseiras feridas e marcas de sangue no chão da loja. Defensores dos animais e ativistas dizem ainda que houve tentativa de envenenamento do cachorro.
“Só porque pessoas importantes e diretores da matriz da empresa visitariam a loja. Para fazer ‘bonito’, não queriam o cachorro abandonado rodando por lá”, escreveu Isabela Marcelino, internauta que divulgou o caso.
O cachorro chegou a ser socorrido pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Uma versão de atropelamento chegou a ser levantada pelo Carrefour, mas logo foi contestada por outros funcionários que teriam testemunhado o ocorrido e dito que o animal teria sido agredido a pauladas.
O cachorro estava na loja de Osasco havia alguns dias e chegou a receber água e alimentos dos funcionários do local.
Ainda de acordo com denúncias nas redes sociais, o segurança da loja teria agredido o cachorro após uma suposta ordem de seu superior para “limpar” o mercado, que receberia naquele dia visita de executivos da empresa.
Atuante na causa animal, o delegado Bruno Lima esteve no local e afirmou que um inquérito vai apurar se o cachorro também foi envenenado e se o segurança que o matou cumpria ordens da chefia ou agiu por conta própria.
“Estaremos acompanhando de perto até que esse crime seja solucionado. Temos algumas testemunhas que confirmam o ato cruel e que identificaram o autor do crime. Infelizmente a dor que o animal sofreu não temos como apagar e também a sua vida trazer de volta, mas seremos sua voz e lutaremos em seu nome”, declarou o delegado.
O artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/98) considera crime as práticas de abuso, ferir ou mutilar animais domésticos, silvestres, nativos ou exóticos e que podem render pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.
Nova versão
Em nota divulgada, o Carrefour deu uma nova versão ao caso. Confira:
“Nossa apuração preliminar apontou que o cachorro estava circulando pelo estacionamento havia alguns dias. O Centro de Zoonoses de Osasco foi acionado por diversas vezes, mas não recolheu o animal. No dia do incidente, clientes se queixaram sobre a presença do cachorro, e, novamente, o órgão foi acionado.
Um funcionário de empresa terceirizada tentou afastá-lo da entrada da loja e imagens mostram que esta abordagem pode ter ocasionado um ferimento na pata do animal. O Centro de Zoonoses de Osasco foi acionado novamente e compareceu ao local para recolhê-lo. No entanto, no momento da abordagem dos profissionais do órgão para imobilização, o cachorro desfaleceu em razão do uso de um ‘enforcador’, tipo de equipamento de contenção.
A delegacia especializada de Osasco (D.I.I.C.M.A.) abriu inquérito e está investigando o caso. Estamos colaborando com as autoridades, disponibilizamos todas as informações e imagens para que o fato seja solucionado.”
Secretaria do Meio Ambiente
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, o Departamento de Fauna e Bem-Estar Animal foi acionado na quinta-feira (29) para prestar socorro a um cachorro, possivelmente vítima de atropelamento, no estacionamento do hipermercado. O animal foi levado e recebeu os primeiros atendimentos emergenciais, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Somente na noite de sexta-feira (30), o departamento recebeu a denúncia de que o cão havia sido espancado e envenenado – e não atropelado. Novamente, funcionários do local estiveram no hipermercado, onde encontraram o delegado Bruno Lima, que colheu depoimentos de testemunhas e registrou boletim de ocorrência na Delegacia do Meio Ambiente.
A prefeitura acompanhará o andamento do inquérito policial, que ficará sob responsabilidade da Polícia Civil. Só será possível informar o que houve com o cachorro após a conclusão do mesmo. O órgão ainda não se pronunciou sobre o uso do enforcador citado pelo Carrefour.