Delmar Bertuol
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Mulheres violadas 18/Fev/2019 às 13:47 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

A oculta beleza nas mulheres

Delmar Bertuol Delmar Bertuol
Publicado em 18 Fev, 2019 às 13h47
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Imagem: Clubinho de ofertas

Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político

Há pouco, estava num relacionamento. Sim, eu consegui, urru! Ela era linda. Tinha um rosto que transmita segurança e altivez. Seu corpo me atiçava instintos.

Ocorre que ela se achava feia. Não acreditava quando eu lhe dizia da sua beleza, me acusando de tão-somente querer agradá-la como também, em outras vezes e mais grave, de lhe estar debochando. Não estava. Achava-a realmente linda. A ponto de me perguntar o que fazia comigo. Também tenho cá meus problemas de autoestima.

Ela reclamava de praticamente todo o seu corpo. Não vou dizer que dos pés à cabeça porque ela me acreditou quando disse que tinha os pés lindos. Delicados e proporcionais. Confessei-me um podólatra incorrigível.

Ela dizia que tinha as pernas muito finas, o bumbum pequeno, uma barriga saliente e peitos grandes. Mas eu adorava tudo. Das pernas, me envaidecia quando ela dizia que me braço era quase a sua coxa. O seu bumbum era magnificamente redondinho. Em nada me incomodava a sua barriguinha, que nem era saliente, nada. E adorava os seus seios graduados.

Mas heresia ela cometeu quando reclamou das suas bochechas. Se achava bochechuda. Suas bochechas eram perfeitas. Quando sorria, empurrava os seus olhos pra cima, forçando-os a fechá-los. Isso é, era do tipo de mulher que fica com os olhos miúdos a um sorriso franco e involuntário. Lindo. Lindo!

O tempo passou e rompemos. Foi mais um amor de verão, mesmo. Mas foi intenso. Só que sei que não consegui convencê-la da sua beleza. Pus-me a refletir o que a faz se olhar no espelho e não enxergar uma linda mulher, mãe, no auge da maturidade e das vivências dos trinta e poucos.

Provavelmente seja os padrões de beleza estabelecidos pela indústria cinematográfica, televisiva e publicitária. As mulheres assistem a tevê ou a filmes e não se identificam com aqueles corpos e rostos perfeitos que estão na tela. Não se dão conta de que aquilo é fruto de maquiagens e outros truques. Aquela personagem lindíssima, amanhã vai acordar com o cabelo desse tamanho e a cara amassada. E mesmo nas novelas de época que se passam há mil anos, as personagens estão com os cabelos lisos e brilhantes e a pele hidratada, como se as empresas cosméticas já existissem.

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E mais, eu adorava acordar ao seu lado, quando ela, despenteada e com a cara amassada, me oferecia um sorriso de bom dia (os olhos miúdos) e jogava sua perna fina sobre a minha. Mais não digo…

Não quero aqui contestar os padrões de beleza pré-estabelecidos em prol do que eu acho bonito. E também concordo que as mulheres têm o direito de estarem insatisfeitas com o seu corpo, ou partes dele, e tentar mudar os aspectos que incomodam. Só que homem que gosta mesmo de mulher e não de apenas um “troféu” pra satisfazer seu ego, tirar selfie pra exibir nas redes sociais ou pra se destacar entre os amigos, não dá bola pra uma pretensa perfeição inatingível.

Homens de bom gosto e que entendem de mulher, aliás, não só sabem que as mulheres têm “defeitos” como veem neles, na verdade, virtudes. Não se trata de “beleza interior”. É beleza exterior mesmo, mas que só quem verdadeiramente gosta de mulher consegue enxergar.

Gurias, portanto, se cuidem e se envaideçam. É um direito de vocês e com certeza melhora a autoestima. Mas não exagerem e desencanem. Os homens que gostam mesmo do sexo oposto provavelmente te acham linda.

*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e estadual, escritor, autor de “Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha”

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