EUA decidem não processar tribo isolada; corpo de missionário não será resgatado
Estados Unidos decidem não processar tribo mais isolada do mundo e corpo do missionário John Allen Chau não será resgatado
O caso do missionário americano John Allen Chau finalmente será dado como encerrado. O homem de 26 anos foi morto em novembro de 2018 pela tribo indígena mais isolada do mundo, na Ilha Sentinela do Norte, localizada no Oceano Índico entre Índia e Myanmar.
Na última segunda-feira (25), o governo dos Estados Unidos afirmou que não pretende processar os sentineleses que assassinaram John Chau.
A justiça indiana considera os autores do ataque como não imputáveis. O governo do país sempre avisou que o contato com os habitantes da Ilha Sentinela do Norte é proibido.
Samuel D Brownback, embaixador dos Estados Unidos na entidade Liberdade Religiosa Internacional, reafirmou que seu país não irá pressionar o governo indiano a tomar qualquer ação contra a tribo.
Também não há chances de sanções serem aplicadas à Índia em função do ocorrido. Um conselho de antropólogos recomendou que não seja realizada uma missão de resgate para remover o corpo de John da ilha. A decisão foi acatada pelas autoridades.
Especialistas em direitos indígenas afirmam que John representava uma ameaça maior para os sentineleses do que o contrário. Inclusive, em seu diário, o jovem missionário afirmara que gostaria de pregar o cristianismo aos membros daquela comunidade tradicional.
Stephen Corry, diretor da organização Survival International, afirmou que qualquer justificativa da visita ilegal de John Chau na ilha mostrava um “extraordinário nível de ignorância”. “Por isso que é tão perigoso para as pessoas ficar perto de tribos isoladas”, acrescentou.
Entenda o caso
John Chau organizou sua visita à ilha Sentinela do Norte por meio de um amigo que contratou os serviços de sete pescadores pelo preço de US$ 325 (cerca de R$ 1200) para levá-lo a bordo de um barco, que também rebocava seu caiaque.
O americano desembarcou na ilha com seu caiaque no dia 15 de novembro, enquanto o barco com os pescadores retornou mar a dentro para evitar causar alarde entre os Sentineleses.
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Segundo as investigações, John teria chegado a interagir com algumas pessoas da tribo, dando-lhes presentes como uma bola de futebol e peixe, mas por alguma razão os habitantes ficaram com raiva e o atacaram com uma flecha — que não o feriu e atingiu um livro que ele carregava.
Os tribais também danificaram o seu caiaque, e John decidiu ir embora a nado até o barco dos pescadores, que estava ancorado em um local previamente combinado.
A polícia informou que o americano passou a noite no barco dos pescadores e escreveu algumas experiências sobre o primeiro contato. Na manhã seguinte, John retornou à ilha para um segundo contato. Mais tarde, naquele 16 de novembro, os pescadores viram de longe seu corpo sendo arrastado por membros da tribo.
Anotações
Anotações reveladas do diário de John Allen Chau mostram que o jovem acreditava que Deus o estava ajudando a evitar as autoridades para que ele pudesse ‘evangelizar’ os habitantes da ilha Sentinela do Norte — mundialmente conhecida por seu total isolamento.
“Deus me protegeu e camuflou-me contra a guarda costeira e a marinha”, escreveu John Chau antes de ser morto no último dia 16 de novembro.